247 - Após um
2015 marcado por crise econômica e ameaças ao seu mandato, sobretudo a abertura
do processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff promete fazer a partir
de agora um movimento à esquerda nos rumos da administração. A avaliação no PT
é de que, para superar definitivamente a tentativa de impedimento, ela depende
da recuperação da economia e de sua aproximação com os movimentos sociais.
Diante deste quadro é que a
presidente decidiu trocar Joaquim Levy por Nelson Barbosa no Ministério da
Fazenda. "Precisamos de uma nova equação econômica para o Brasil",
afirmou a presidente, na terça-feira, em reunião com sindicalistas e representantes
de entidades empresariais. "Levamos uns trancos. Mas o que faremos após
superar a crise?", perguntou ela na quinta-feira, ao se encontrar com
integrantes da Frente Brasil Popular, que no dia anterior organizara atos em
defesa do seu mandato.
Entrevistado pelo Estadão, o
ministro Nelson Barbosa dá sinais de mudança na política
econômica: "Para que tenhamos uma recuperação sustentável do
crescimento é preciso ter estabilidade fiscal e controle da dívida pública, que
passa pela elevação do resultado primário. Sem estabilidade, o crescimento pode
até se recuperar por um ano, mas não se sustenta. Por mais paradoxal que seja,
recuperar a estabilidade fiscal adotando as medidas necessárias é a melhor
maneira de promover a recuperação do crescimento e do emprego. Obviamente tem
que adotar essas medidas na dosagem adequada para a economia".
Barbosa diz ainda que irá
"aperfeiçoar a política econômica". "Promover uma estabilização
mais rápida e uma retomada mais rápida do crescimento. Com aprovação das
medidas que estão no Congresso e com a adoção de medidas institucionais e
regulatórias que melhorem o funcionamento da economia", ressaltou.
RECONEXÃO COM O POVO. De
Lula, a presidente tem ouvido que é preciso se reconectar com o povo.
"Você precisa liberar o crédito, fazer a roda da economia girar e dar
notícia boa", aconselhou o ex-presidente, na última conversa com Dilma,
segundo relatos de seus interlocutores. "A agenda do País não pode ser só
ajuste fiscal e Lava Jato", emendou ele.
Nas conversas com
sindicalistas e empresários, na última semana, Dilma disse que é preciso
"manter o marco legal da democracia contra a política do vale tudo".
Dilma pediu apoio para a criação da Contribuição Provisória sobre Movimentação
Financeira (CPMF). Aos empresários e dirigentes sindicais, a presidente disse
que se trata de um imposto com menos impacto na inflação e prometeu a divisão
dos recursos arrecadados com Estados e municípios. Fonte: Brasil 247.