Por Tereza Cruvinel (Colunista do
247, Tereza Cruvinel é uma das mais respeitadas jornalistas políticas do País).
A convenção do PMDB, amanhã (sábado) e as
manifestações contra o governo marcadas para domingo tornam o fim de semana
relevante para o desenrolar da crise política. O real tamanho e força das
manifestações ainda são, como sempre nesta matéria, insondáveis, apesar da
expectativa de que sejam maiores que a anterior. Depois dela a situação
econômica piorou, houve a suposta delação premiada de Delcídio Amaral e o cerco
a Lula.
Já o jogo do PMDB está claro. Embora o setor
oposicionista tenha propalado a possibilidade de rompimento com o governo
Dilma, o que agravaria muito a situação se ocorresse neste momento, a cacicada
já concluiu que não será possível.
Muitos e veementes serão os discursos e moções
pedindo a ruptura, mais moderadas e discretas, embora quantitativamente
significativas, as manifestações dos que desejam ficar. Eles expressam a
política real. O PMDB tem sete ministérios e gordos nacos de poder. Ninguém é
louco de jogar isso fora em pleno ano de eleições municipais. Um dos grandes
trunfos do partido sempre foi o fato de controlar o maior número de municípios.
Mas, depois da algaravia, o que eles devem fazer
é remeter para o Diretório Nacional a tarefa de examinar os pedidos de ruptura
e tomar uma decisão dentro de um prazo a ser fixado. Este prazo, ainda em
negociação, expressará a correlação de forças entre as duas alas. Talvez 30,
talvez 60 dias. Até lá, a crise também pode ter tido seu rumo definido, seja em
que direção for.
No mais, o vice-presidente Michel Temer será
reeleito presidente do partido, com o apoio de gregos e troianos. Foi para
construir esta unidade que ele trabalhou muito nas últimas semanas, evitando
comprometer-se com a ruptura ou com a permanência no governo, muito antes pelo
contrário.
Depois, o PMDB continuará com um pé em cada
canoa. Enquanto uns pilotam suas máquinas no governo, outros vão continuar
conversando com o PSDB sobre “saídas” para a crise. Com o impeachment, o PMDB
herdaria o governo na pessoa do vice Michel Temer. Mas para o impeachment,
faltam as bases legais, a prova de que Dilma cometeu um crime de
responsabilidade no atual mandato. A solução parlamentarista
poderia garantir o governo (primeiro ministro e gabinete) para a coalizão
PMDB-PSDB. Mas uma emenda neste sentido esbarraria no STF. E como já disse o ministro Marco Aurélio a este blog, ainda
que houvesse a adoção deste sistema, ele não poderia alcançar o mandato de
Dilma, eleita para governar quatro anos em sistema presidencialista.
Na terceira hipótese, a da cassação da
chapa Dilma-Temer com chamamento de novas eleições presidenciais, o PMDB nada
ganharia. Os candidatos fortes serão Lula, Aécio e Marina.
Finalmente, o PMDB ganharia com a quarta
hipótese, a da renúncia de Dilma, que levaria à posse de Temer. Mas isso ela
voltou a descartar hoje.
A nave segue.
Fonte: Brasil
247.