247 – Em entrevista ao jornalista Bernardo Mello Franco, o
ex-ministro da Justiça e ex-governador Tarso Genro avalia que a Operação Lava
Jato criou uma Constituição paralela no Brasil.
"O Ministério Público e a Polícia
Federal devem investigar toda suspeita de corrupção. Este sentido da Lava Jato
é estratégico para o país. Nós sabemos que temos um processo de corrupção
sistêmica na política brasileira que vem de décadas", diz ele.
"O outro aspecto da Lava Jato é que
ela tomou uma dimensão fundamentalmente política contra uma facção da
sociedade. É nítido nas investigações e nas declarações do juiz Moro. Primeiro
apontam uma pessoa, depois tratam de produzir provas contra ela. Isso é um
procedimento de exceção à margem da legalidade constitucional. Está gerando um
direito paralelo, uma Constituição paralela."
Tarso afirmou ainda que a concepção do
juiz Sergio Moro é herdeira da filosofia política que fez brotar o nazismo.
"Certamente isso será revisto no futuro. Essa concepção do Moro está
inscrita na filosofia política de um jurista do nazismo, Carl Schmitt. É o
império que o Estado deve ter sobre a lei, inclusive descartando os
procedimentos legais. Esse é o grande problema que estamos enfrentando hoje com
essa desnecessária condução do ex-presidente Lula para depor", diz ele.
"O Ministério Público tem o direito
de ouvir o presidente Lula, como já ouviu várias vezes, mas o que está
ocorrendo é a afirmação de uma Constituição de fato, em que os direitos
individuais começam a ser violados. Isso é perigoso para a democracia e pode
comprometer a própria finalidade da Lava Jato. Se esses elementos forem
apreciados por uma instância superior, todos os processos são anulados." Fonte:
Brasil 247.