Elaine
Patricia Cruz – repórter da Agência Brasil
Manifestantes pró e contra o
impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff se estranharam em frente à
sede da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) no início da
noite de hoje (15). Embora ambos defendam a saída do presidente interino Michel
Temer, houve empurra-empurra, gritos, provocação e tensão entre os dois lados.
Neste momento, o clima continua tenso, mas sem agressão, ainda que os dois
lados continuem se provocando.
A Polícia Militar não
interveio no empurra-empurra, mas criou uma linha de policiais em frente às
barracas para defender os manifestantes acampados em frente ao prédio da Fiesp
desde meados de março e que estão em menor número hoje.
A reportagem da Agência
Brasil, que acompanhou todo o ato de hoje, não percebeu o início da briga, mas
conversou com representantes de ambos os lados, que jogaram a responsabilidade
para o opositor.
A estudante de Direito Bibiana
Oliveira, 21 anos, favorável ao impeachment de Dilma, provocou e foi provocada
na confusão. Ela está acampada em frente ao prédio da Fiesp desde março e disse
que pretende ficar ali até que Temer saia da Presidência.
"Eles [manifestantes
contrários a ela] ficam gritando 'sem violência', mas vieram aqui pichar e
quebrar nossas placas. O caso mais grave foi um menino que veio chutar nossas
barracas e que tentou me bater", informou Bibiana. A reportagem flagrou a
estudante também provocando os manifestantes, colocando as mãos nos olhos e
fingindo chorar, o que gerou bastante revolta no lado oposto.
"Isso foi depois que eles
quebraram o acampamento. Antes deles atacarem, não saiu nenhuma provocação
nossa", disse Bibiana. "Nós também gritamos Fora Temer. Também
queremos o fim da corrupção, mas não somos indignados seletivos",
acrescentou.
Do outro lado, o militante
petista Rafael Monico, 30 anos, afirmou que um rapaz acampado em frente à sede
da Fiesp iniciou as provocações. "O que acontece é que, na hora em que o
ato foi chegando, um rapaz saiu dali [das barracas] com um pedaço de pau e quis
agredir duas ou três pessoas. E aí começou a confusão". Monico negou que o
grupo tenha provocado os que estão acampados ali desde março.
"A decisão era passar
pela Paulista inteira. A Paulista é do povo. A Paulista é hoje aberta para o
povo de forma democrática para que todos possam se manifestar politicamente e
culturalmente. Foi isso que fizemos hoje. Sabíamos que, ao passarmos por aqui,
teríamos isso, mas não podemos deixar de passar porque tem um pessoal aqui que
é contra", acrescentou.
"Eles [também] defendem o
Fora Temer, mas nós achamos que isso [o impeachment] é um golpe e eles não.
Temos uma questão que é muito clara: o Temer está aí há 72 horas e já mudou
muito o governo, tirando mulheres e negros. E nós defendemos a
democracia".
CAMINHADA. Os
manifestantes contrários ao impeachment fizeram hoje uma grande caminhada por
São Paulo. O protesto foi iniciado por volta das 15h20, na Praça do Ciclista,
na Avenida Paulista, passou pela Rua da Consolação e foi até a Praça Roosevelt,
onde os milhares de manifestantes presentes ao ato fizeram uma rápida
assembleia e decidiram voltar para a Avenida Paulista, subindo pela Rua
Augusta.
O ato seria encerrado na
frente da Fiesp, onde eles chegaram por volta das 18h. Na Fiesp, os
manifestantes sentaram no chão e gritaram palavras de protesto contra a
entidade, dizendo que ela apoiou a ditadura e o impeachment de Dilma. Parte dos
manifestantes decidiu continuar em caminhada pela Paulista, sentido Paraíso,
quando se encontraram com o grupo acampado ao lado da Fiesp desde março e que
apoiou o impeachment de Dilma. Os grupos se provocaram e se empurraram até que
outros manifestantes tentassem separá-los.
Neste momento, parte do grupo
de manifestantes contrários ao impeachment permanece em frente à sede da Fiesp
e, vez ou outra, provocam ou são provocados pelos manifestantes a favor do
impeachment. Fonte: Brasil 247.