sexta-feira, 23 de junho de 2017

‘GRAVÍSSIMO’ DIZ FHC SOBRE DENÚNCIA DE TEMER




O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ressaltou na manhã desta sexta-feira, 23, que o País caminha para uma situação inédita e muito séria: a de ter um presidente da República denunciado por corrupção.

O procurador-geral da República, baseado em uma investigação da Polícia Federal, que é submetida à Presidência, se dispõe a mover uma ação contra o presidente. E por corrupção. Isso nunca houve", disse o tucano durante palestra em São Paulo. "Se por um lado isso é sinal de que as instituições estão independentes, por outro lado, é gravíssimo."

Ao falar sobre a chance do presidente Michel Temer (PMDB) ser denunciado pelo procurador-geral Rodrigo Janot, FHC lembrou os últimos dias de Getúlio Vargas.

"Quando Getúlio Vargas era presidente, em um tempo em que os militares estavam muito assanhados, existia a chamada 'República do Galeão', formada pelo pessoal da Aeronáutica que fazia inquéritos militares. Um dia, chamaram o irmão do Getúlio, Benjamin Vargas. Pouco depois, Getúlio se matou porque descobriu que o irmão estava metido em confusões junto com o chefe de sua guarda pessoal. Era grave", disse o ex-presidente, que acrescentou: "Não estou dizendo que o Temer se mate, claro, prefiro outra coisa".

A "outra coisa", segundo FHC, é a antecipação das eleições por determinação do próprio Temer. "Ele podia chamar as forças políticas e antecipar a eleição para daqui a oito, nove meses. Isso para ter legitimidade."

O tucano, mais uma vez, se posicionou contra eventuais diretas-já e citou o teórico italiano Antonio Gramsci, que diz haver situações na política onde o "velho já morreu, mas o jogo não nasceu", referindo-se à ausência de lideranças políticas no cenário brasileiro atual. Fonte: Notícias ao Minuto.

OPINIÃO DO BLOG: Quem via a posição do ex-presidente FHC há alguns meses, aconselhando e abraçando Lula e o próprio Michel Temer, nem chega a acreditar que agora esteja se esquecendo desses gestos e afirmando de viva voz em entrevista que o país poderá ter nos próximos dias um presidente denunciado por corrupção, pelo que acha isso inédito e muito sério, para não dizer prejudicial à ética política.
Na bonança, ou seja, quando não se sabia que Temer poderia estar envolvido em algum episódio indecente, as portas residenciais de FHC sempre estiveram abertas ao substituto de Dilma, porque o PSDB de forma geral estava de olho nos acordos com o PMDB para ir às próximas eleições presidenciais, possivelmente na cabeça da chapa, enquanto fornecia nomes e mais nomes para composição do atual ministério e do alto secretariado de repartições importantes.
Parece que está valendo o velho adágio “rei morto, rei posto”, então.
Na política interiorana deste país também se vê muito isso: quem chega ao poder faz todos os acordos com adversários até históricos, esquecendo os amigos mais leais. E quando o barco começa a afundar, só ficam os que ele esqueceu.
Os amigos novos vão embora logo porque procuram outros espaços e não querem mais estar ligados ao líder fracassado. São as mariposas que sempre giram ao redor da luz.