Há muitos anos,
chegavam a Rua Nova, vindos de Natal, onde contraíram matrimônio perante Deus e
a sociedade, os jovens Rodolfo Pedrosa e Severina Maia. E fixaram logo residência
no lugarejo que apesar de pobre e sem energia elétrica, era e ainda hoje é riquíssimo
porque tem um povo maravilhoso e hospitaleiro. Como quem conhece essa gente dela
se torna irmã e bebendo da água da terra por ela se apaixona cada vez mais,
eles aqui permaneceram, tiveram filhos, netos e bisnetos. Nunca quiseram trocar
o carinho deste povo por nenhum conforto de cidade grande, por mais famosa e
formosa que fosse.
Depois que Deus chamou
Rodolfo à sua presença no reino celestial (1997), dona Vivi, como ficou
conhecida, se decidiu continuar aqui residindo e tocando com a família as atividades
do marido e delas conseguindo ganhar o
pão de cada dia, que sempre deu para alimentar aos seus e àqueles que lhe
procuravam de mãos estendidas. Do pouco fez muito, talvez por acreditar no que
dizem os tementes a Deus, de que quem dá aos pobres ao Senhor empresta ou quem
acolhe a quem tem fome a sua mesa sempre será farta.
A sua residência
parecia não ter portas, pois estavam sempre escancaradas desde as primeiras
horas da manhã, como se para receber a luz do sol, até os momentos em que se
recolhia com a família para o descanso merecido de mais um dia vivido.
Ali no casarão de
Vivi e Rodolfo, ela viveu o seu reinado de amor e fraternidade, sendo visitada
diuturnamente por ricos e pobres, anciãos e jovens, letrados e analfabetos,
humildes servidores e também
agricultores e pecuaristas. A boa acolhida era a sua marca maior e bem
falam disso as incontáveis mesas fartas, ao redor das quais tantas prosas
aconteceram, tantas histórias foram contadas.
Chega Lourdes, traz
um docinho aqui, um bolinho e uma tapioquinha. Serve um pãozinho quente com
manteiga e café. Ou, vamos almoçar gente, a comida está na mesa e bem quentinha,
e a carne está muito gostosa! Era sempre assim. Só não comia quem realmente não
quisesse.
E não é que num belo
dia da década de 1950, minha querida Vivi Pedrosa abriu as portas e recebeu o peregrino
de Jesus e devoto fervoroso de Nossa Senhora da Conceição, frei Damião de
Bozano? Deus é muito bom.
Para não dizer muito mais
e não arrancar mais pranto, desta casa onde se declara amor a Deus em momentos
especiais, ouso a Ele erguer o pedido de que tenha recebido a sua filha Vivi e
a ela dê o merecido descanso eterno.