Décadas
afastado dos estudos não impediram que o estudante João Monte Rodrigues
conseguisse entrar na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foram exatos 34 anos
longe da sala de aula até que, desempregado, ele decidiu voltar à escola em
2012.
Completando
o ensino médio em colégios públicos, Rodrigues participou do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) e conquistou a sonhada vaga no curso de Engenharia de
Petróleo. Para completar, o novo aluno da UFC também terá a companhia da filha,
Ester Rodrigues, de 17 anos, aprovada na mesma universidade, mas no curso de
engenharia ambiental. A família vive na comunidade indígena dos Tapeba, em
Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza.
Em
entrevista ao jornal cearense O Povo, Rodrigues afirma que, apesar do desejo,
já não pensava mais em faculdade. “Queria
o ensino médio para entrar no mercado de trabalho, porque é o que as empresas
pedem”, contou.
João,
hoje funcionário de serviços gerais em uma repartição pública, também conta que
durante a infância as possibilidades eram limitadas, sobretudo por ter de
conciliar os estudos com o trabalho na roça ou em outras atividades como
faxina. As dificuldades também se estenderam à filha Ester. Ambos estudavam
juntos até meia-noite, tentando entender dúvidas que surgiam na sala de aula. “Nessa idade, é mais cansativo, mais
difícil, mas conseguimos e terminamos juntos”, contou o estudante.
Apesar
das boas notícias, João teme ter que largar os estudos caso não consiga
assistência estudantil, já que o curso de engenharia de petróleo tem frequência
integral, o impedindo de trabalhar. Para tentar conseguir finalizar a
graduação, João agora espera conseguir uma Bolsa Permanência do Ministério da
Educação. Além de quilombolas e indígenas, o auxílio também se aplica a estudantes
de instituições federais de ensino superior em situação de vulnerabilidade
socioeconômica. Fonte: Pragmatismo Político.
OPINIÃO
DO BLOG: O sucesso do cearense
João Monte e filha nos estudos, é uma comprovação inconteste de que o ser
humano querendo, pode alcançar o sucesso, ainda que tenha por inúmeras razões e
por incontáveis anos abandonado a sala de aula. Nenhuma barreira é
intransponível já se diz isso há dezenas de anos e a cada instante sempre
aparecem demonstrações de elas podem realmente ser derrubadas.
Ao longo do tempo encontramos
pessoas que se qualificaram por si mesmas, tendo se atirado de cabeça por força
das circunstâncias no mercado de trabalho e de produção, e estão de vento em
popa gerando riqueza e emprego, enquanto se tornam bem sucedidas.
Com
muita frequência, também estamos nos deparando com milhares de profissionais
liberais bem sucedidos, vindos do meio rural, da periferia das cidades e de
lares muitos humildes, saídos de universidades até com pós-graduação,
produzindo na sociedade, nos mais diversos campos do conhecimento.
Querer é poder.