terça-feira, 7 de julho de 2020

DESPEDIDA A JOSÉ GUILHERME



Por Raminho Talibã (Historiador e ativista cultural guarabirense)


José Guilherme Gomes Filho nasceu no dia 31 de julho de 1958, no então Estado da Guanabara hoje Rio de Janeiro. Filho de pai português e mãe espanhola, cresceu no bairro de Madureira, seu contato com o samba, com o jogo do bicho e também com os terreiros de umbanda foi forjando a sua brasilidade carioca.
Desde criança rabiscava os cadernos, seu encontro com a pintura e a musicalidade do artista Heitor dos Prazeres, influenciou diretamente o seu trabalho nas artes plásticas.
Nos anos 70 com a efervescência da contracultura, participou da vida ativa da arte popular no Rio de Janeiro, expondo seus trabalhos em praças públicas, lugares alternativos, chegando a fazer parte da fundação da famosa Feira Hippie de Ipanema.
Inquieto, partiu para sua odisseia levando a sua arte, sua política e sua religiosidade africana.
Dentre suas andanças ele chega em 1994 na cidade de Guarabira-PB.
Numa quinta-feira onde nós do grupo apresentávamos peças de teatro em praça pública, ao término da nossa apresentação nos chega aquele carioca fazendo elogios ao nosso trabalho. A partir daí surgiu uma grande amizade dele para com todos nós aqui de Guarabira. Uma relação duradoura em que resultou vários momentos inesquecíveis, e podíamos sentir a sua paixão por nossa terra.
Sua vivência aqui em Guarabira nos deu vários frutos, influenciando vários artistas. Foi cenógrafo, músico, poeta, humorista, ator dando tudo de si por aquilo que ele mais amava, a arte.
No contexto político foi um militante ativo participando da fundação do Grupo de Sátiras Políticas Talibã, que fazia performances sobre a nossa realidade. Sempre lutando na ala esquerdista.
Constituiu família ao casar-se com Iolanda Carneiro, com quem teve dois filhos, Maria Del Carmo, nome dado em homenagem a sua mãe e Vinícius em homenagem ao grande poeta Vinícius de Morais. A partir de então se sentia um verdadeiro brejeroca (brejeiro carioca).
Guarabira foi testemunha do seu lado da sua bacuralidade boêmica, frequentador dos famosos bares e adjacências que perfaziam a noite guarabirense, donde podemos citar o Bar do Derivaldo, Pé do Porco, o famoso Cai Pau e a barraca de Santo Antônio na feira, dentre outras. Guilherme nos deixa um legado de amizades e de trabalhos voltados para a nossa comunidade, que vai de uma amplitude desde o mais humilde aos mais refinados. Trabalhos em pinturas que coloriram e mostraram o nosso cotidiano.
Vai na paz e segue o caminho de Aruanda.
Do amigo de sempre, Raminho Talibã.