Entre meados do século XIX e
início do século XX, as terras do Nordeste brasileiro foram amplamente
percorridas por homens violentos e cruéis que se instalaram em bandos de
cangaceiros. Surgiram por razões ligadas às questões sociais e fundiárias, propriamente
ditas.
Os bandos adentravam as
caatingas nordestinas assaltando fazendas, praticando sequestro de pessoas
abastadas e que ostentavam os títulos de coronéis, quando não saqueavam
comboios e armazéns com consideráveis estoques de mercadorias.
O homem que se iniciava no
cangaço, geralmente o fazia por estar fugindo de algum crime cometido e não
queria ser preso e cumprir pena, e depois de algum tempo o seu nome passava a
ser mencionado em todos os recantos e verdadeiramente não tinha mais como
voltar atrás. Era preciso seguir em frente, porque o sossego se acabara
totalmente e as volantes policiais não lhe dariam trégua nunca mais.
As principais causas da
existência de bandos de cangaceiros estiveram ligadas á prestação de serviço
aos latifundiários, garantindo o seu patrimônio e protegendo-os contra os
inimigos; apoiando-os por exercerem funções políticas ou porque queriam exercer
o banditismo, pura e simplesmente.
No Sudeste brasileiro,
surgiu o cidadão Januário Garcia Leal, que passou à história como Sete Orelhas,
no início do século XIX. Para uns foi considerado cangaceiro e para outros, um
justiceiro.
No Nordeste do país, surgiu
José Gomes, o Cabeleira, que nasceu na Zona da Mata de Pernambuco, na localidade
conhecida por Glória do Goitá, em 1751, e com atuação na segunda metade do
século XVIII.
Outros nomes marcaram as páginas
da história do cangaço nordestino:
Jesuíno Alves de Melo
Calado, conhecido como Jesuino Brilhante (1870), foi considerado um cangaceiro romântico
e que não praticava roubo;
Manoel Baptista de Morais,
denominado Antonio Silvino, atuou no cangaço de 1896 a 1914, quando recebeu voz
de prisão do delegado Teófanes Ferraz Torres e foi recolhido à Casa de Detenção
do Recife e por bom comportamento foi indultado pelo presidente Getúlio Vargas,
em 1937, e
Virgulino Ferreira da Silva,
Lampião ou o Rei do Cangaço, com atuação em quase todos os estados do Nordeste
de 1920-38. Foi o responsável maior pela introdução da mulher no bando quando
se amasiou com Maria Bonita. Morreu assassinado em 28 de julho de 1938, em
Angicos, no estado de Sergipe, ao lado de Maria Bonita e mais 09 outros
componentes do bando.