Brasília, 18 - A presidente
Dilma Rousseff (PT) não escondeu o abatimento quando viu as traições na votação
da Câmara dos Deputados que autorizou, neste domingo, 17, a abertura do
processo de impeachment. "Foi como uma faca no meu peito", disse ela,
no Palácio da Alvorada, após o resultado.
Dilma
acompanhou a votação na Sala dos Estados do Alvorada, ao lado da Biblioteca.
Estava acompanhada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de vários
ministros.
Ela
disse ter ficado "chocada" com o voto do deputado Aguinaldo Ribeiro
(PP-PB), a favor do impeachment. Ribeiro foi ministro das Cidades. Outros
ex-ministros, como os deputados Mauro Lopes (PMDB) e Alfredo Nascimento (PR),
também apoiaram o afastamento da presidente. Dilma também mostrou inconformismo
com o fato de o ex-ministro Gilberto Kassab (PSD) e o presidente do PP, senador
Ciro Nogueira (PI), terem "virado as costas" para ela no último
minuto.
Em
conversas reservadas, ministros disseram à reportagem que foi "um
erro" o governo ter deixado a reforma ministerial para depois da votação
na Câmara. Na avaliação de auxiliares de Dilma, o fato abriu caminho para o
vice-presidente Michel Temer (PMDB) investir sobre os deputados de vários
partidos aliados e prometer "benesses".
O
"núcleo duro" do governo também ficou indignado com o fato de ter
recebido apenas oito votos do PMDB, que tem uma bancada de 67 deputados e,
apesar do rompimento com Dilma, ainda ocupa ministérios. O líder do PMDB na
Câmara, Leonardo Picciani (RJ), prometia entregar à presidente cerca de 20 votos
contrários à sua deposição.
Dilma
estuda a possibilidade de pedir à ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB),
que retorne ao Senado para ajudar na articulação política, já que agora o governo
precisa conquistar votos naquela Casa para tentar barrar o processo.
Dilma
se reuniu com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a quem
pretende pedir ajuda para conseguir derrubar o processo no plenário. Renan e
Temer têm disputas internas no PMDB.
Na
manhã desta segunda-feira, 18, além de fazer uma avaliação da votação, com
checagem do mapa de apoio no Senado, a presidente recebeu os
deputados-ministros Marcelo Castro e Celso Pansera. Castro se licenciou do
Ministério da Saúde e Pansera, de Ciência e Tecnologia, para votar contra o
impeachment. Dilma também agradeceu pessoalmente vários deputados que a
apoiaram. Elogiou muito Sílvio Costa (PTdoB-PE), que no domingo saiu do
plenário chorando, quando soube que a situação do governo era irreversível. Fonte:
Portal Em.com.br.