Um grupo de religiosos,
agentes de pastoral da Prelazia de São Félix do Araguaia, se reuniu entre 28 de
março e 2 de abril no Mato Grosso para discutir a situação sociopolítica do
país. Estavam presentes entre eles o bispo Dom Adriano Ciocca Vasino e o bispo
emérito Dom Pedro Casaldáliga. Depois do encontro, eles escreveram uma carta
aberta à sociedade.
“Sabemos que uma crise econômica, que se
iniciou de forma concreta em 2008, está afetando fortemente o sistema
capitalista e tem provocado, por parte de grandes empresas e países ricos como
os Estados Unidos, uma investida violenta em diversos países em desenvolvimento”,
diz o documento.
Para os religiosos, os países em desenvolvimento
são tratados apenas como fornecedores de matéria prima e mão de obra barata “para
alimentar o luxo e o consumo dos ricos de fora e da elite interna que tem se
tornado cada vez mais rica e opulenta”.
Eles entendem que estão em risco o respeito aos
valores humanos básicos, as conquistas democráticas, o pacto social e as
instituições políticas. “Povos e comunidades são desconsiderados e
expropriados de seus direitos para abrirem espaços para as grandes empresas”,
acreditam.
Como representantes da Igreja, os pastores dizem
que apoiam o combate às injustiças e à corrupção, mas que o Ministério Público
e o Judiciário precisam agir com isenção, rigor e imparcialidade e punir os
culpados de todos os partidos políticos e não apenas da base governista.
“O momento atual que a sociedade brasileira
atravessa é delicado e exige acima de tudo uma reflexão aprofundada isenta de
paixões e partidarismos. Apelamos para o bom senso dos integrantes do Congresso
Nacional, a fim de que saibam olhar a complexidade e delicadeza desse momento.
Não podemos retroceder nas conquistas democráticas alcançadas”.
O grupo de religiosos acredita que o momento é de
serenidade para fazer valer o direito e a Justiça. “Repudiamos a tentativa
de desestabilização de um Governo democraticamente eleito, sob o risco de
conduzir o País ao caos generalizado. Grupos conservadores, respaldados pela
grande mídia, passam uma visão superficial e manipulada do grave momento que o
país vive. Acreditamos que a sociedade brasileira, civil e organizada, esteja à
altura de compreender a gravidade do momento e dizer NÃO a qualquer tentativa
de golpe”. Fonte: Pragmatismo Político.