247 – Ao discursar no Vale do Anhangabaú,
neste Primeiro de Maio, a presidente Dilma Rousseff tocou num ponto importante,
que vinha sendo omitido em seus discursos. Ao citar a recessão e o desemprego,
ela mencionou a sabotagem do parlamento, que, não apenas barrou todas as suas
iniciativas, como também lançou as chamadas pautas-bomba.
Desde que venceu as eleições presidenciais de
2014, Dilma se comprometeu com um ajuste fiscal de curto prazo e também com
medidas que visavam garantir a solvência futura do Estado brasileiro. No
primeiro caso, a saída seria a CPMF. No segundo, a reforma da Previdência, que,
segundo o ministro Jaques Wagner, seria um dos legados de Dilma.
No entanto, a oposição, ensandecida pelo
impeachment, sabotou as duas iniciativas. No entanto, com a aprovação do
impeachment, nada mais será como antes. Neste fim de semana, na coluna Radar, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que a criação de um novo
imposto será inevitável – proposta que já conta com o aval do futuro ministro
Henrique Meirelles. Discretamente, os jornais já voltam a falar na CPMF.
Da mesma forma, haverá apoio a uma reforma da
Previdência, que não será muito diferente daquela que seria proposta pela
presidente Dilma. Além disso, no domingo, a Folha afirmou, em sua manchete, que
Temer terá maioria até para fazer reformas constitucionais – o que abrirá
caminho para a flexibilização da Consolidação das Leis do Trabalho.
Na prática, o Congresso Nacional dará a Temer
tudo aquilo que negou a Dilma. Até porque não resta alternativa à oposição
capitaneada pelo PSDB. Se um governo Temer, que já sofre críticas de
ilegitimidade vier a fracassar, estará aberto o caminho para a volta do
ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas, ao poder. Seja em 2018, seja em
eleições antecipadas. Fonte: Brasil 247.