domingo, 1 de março de 2009

ZÉ KATIMBA: UM COMPOSITOR GUARABIRENSE

Nascido em Guarabira, na Paraíba, como José Inácio dos Santos, filho de Josefa e João Inácio, Zé Katimba chegou ao Rio, mais precisamente ao Largo da Batalha, em Niterói, aos 10 anos. No Nordeste, o pai fazia literatura de cordel, tocava viola e era campeão de desafios. Na viagem rumo ao Rio, a mala da família levava a esperança de uma vida melhor do que aquela levada na pequena cidade paraibana.

Já na bagagem de Zé Inácio (nome herdado por seu filho, uma das grandes promessas entre os sambistas da nova geração), o tesouro era um papel muito especial: o "diploma" conferido por uma "professora" de 17 anos, atestando que o menino sabia ler. De lá pra cá, Katimba não voltou aos bancos escolares, formou-se e firmou-se cidadão brasileiro na escola da vida, transformando-se no poeta sofrido, lutador, amigo, que sabe transmutar tudo o que lhe é apresentado, seja alegria ou dor, em poesia.

Neste mundo já fez de tudo, engraxou sapatos, vendeu balas, trabalhou em curtume, atuou na “camelotagem”, foi porteiro, faxineiro, ajudante de pintor, limpou fossa, caixa de gordura e banheiros. E, daí, é taxativo: “trabalho duro fortalece a alma”. E com Katimba, não deu outra. Mas a sua alma aprendeu a entrelaçar força com poesia. Uma poesia que transborda de seu olhar quando, não raro, se empolga: "isso dá samba!" Geralmente, a inspiração se manifesta numa mesa de bar, apesar de não beber mais nada alcoólico.

Katimba já nasceu na Paraíba, em 11 de novembro de 1942, com o sangue artístico nas veias, vindo do pai, João Inácio, repentista e cordelista. Já no Rio, ainda menino, conheceu o batuque nas latas de água que carregava acima e abaixo, no Morro do Adeus. Aos 17, fazia parte do GRES Imperatriz Leopoldinense, onde começou como puxador de corda, passou a passista, mestre-sala, presidente de ala, vice-presidente e presidente da agremiação, isso tudo ainda arrumando tempo para fazer alegorias.

Na lista dos maiores sucessos estão: Martim Cererê (Zé Katimba/Gibi), O teu cabelo não nega - Só dá Lalá (Zé Katimba/Gibi/Serjão), Do jeito que o rei mandou (Zé Katimba/João Nogueira), Tá delícia, tá gostoso (Zé Katimba/Alceu Maia), Minha e tua (Zé Katimba/Martinho da Vila/Alceu Maia), Recriando a criação (Zé Katimba/Martinho da Vila), Bandeira da fé (Zé Katimba/ Martinho da Vila), Me faz um dengo (Zé Katimba/ Martinho da Vila), Me beija, me beija (Zé Katimba/ Martinho da Vila), Danadinho, danado (Zé Katimba/Martinho da Vila), Me ama mô (Zé Katimba/Martinho da Vila), Café com leite (Zé Katimba Martinho da Vila), Jaguatirica (Zé Katimba/Martinho da Vila), Me curei (Zé Katimba/Martinho da Vila) e Festa pros olhos (Zé Katimba/Martinho da Vila).


Na década de 70, virou personagem da novela Bandeira Dois, escrita por Dias Gomes para a Rede Globo, num Katimba interpretado, por ninguém menos, que Grande Otelo. Seu samba Martim Cererê, tema da trama, foi gravado pela Som Livre e vendeu 700 mil cópias”.

Zé Katimba, o compositor e único fundador vivo da cinquentenária escola de samba Imperatriz, vai ter sua vida e obra contada em livro, que está sendo escrito pelo jornalista fluminense Fernando Paulino, com previsão de lançamento até o final de dezembro.


Fonte: http://www.zekatimba.com.br/historico.php