Neste mundo já fez de tudo, engraxou sapatos, vendeu balas, trabalhou em curtume, atuou na “camelotagem”, foi porteiro, faxineiro, ajudante de pintor, limpou fossa, caixa de gordura e banheiros. E, daí, é taxativo: “trabalho duro fortalece a alma”. E com Katimba, não deu outra. Mas a sua alma aprendeu a entrelaçar força com poesia. Uma poesia que transborda de seu olhar quando, não raro, se empolga: "isso dá samba!" Geralmente, a inspiração se manifesta numa mesa de bar, apesar de não beber mais nada alcoólico.
Katimba já nasceu na Paraíba, em 11 de novembro de 1942, com o sangue artístico nas veias, vindo do pai, João Inácio, repentista e cordelista. Já no Rio, ainda menino, conheceu o batuque nas latas de água que carregava acima e abaixo, no Morro do Adeus. Aos 17, fazia parte do GRES Imperatriz Leopoldinense, onde começou como puxador de corda, passou a passista, mestre-sala, presidente de ala, vice-presidente e presidente da agremiação, isso tudo ainda arrumando tempo para fazer alegorias.
Na lista dos maiores sucessos estão: Martim Cererê (Zé Katimba/Gibi), O teu cabelo não nega - Só dá Lalá (Zé Katimba/Gibi/Serjão), Do jeito que o rei mandou (Zé Katimba/João Nogueira), Tá delícia, tá gostoso (Zé Katimba/Alceu Maia), Minha e tua (Zé Katimba/Martinho da Vila/Alceu Maia), Recriando a criação (Zé Katimba/Martinho da Vila), Bandeira da fé (Zé Katimba/ Martinho da Vila), Me faz um dengo (Zé Katimba/ Martinho da Vila), Me beija, me beija (Zé Katimba/ Martinho da Vila), Danadinho, danado (Zé Katimba/Martinho da Vila), Me ama mô (Zé Katimba/Martinho da Vila), Café com leite (Zé Katimba Martinho da Vila), Jaguatirica (Zé Katimba/Martinho da Vila), Me curei (Zé Katimba/Martinho da Vila) e Festa pros olhos (Zé Katimba/Martinho da Vila).
Na década de 70, virou personagem da novela Bandeira Dois, escrita por Dias Gomes para a Rede Globo, num Katimba interpretado, por ninguém menos, que Grande Otelo. Seu samba Martim Cererê, tema da trama, foi gravado pela Som Livre e vendeu 700 mil cópias”.
Zé Katimba, o compositor e único fundador vivo da cinquentenária escola de samba Imperatriz, vai ter sua vida e obra contada em livro, que está sendo escrito pelo jornalista fluminense Fernando Paulino, com previsão de lançamento até o final de dezembro.