Poema ao pau-brasil
Na praça João Pessoa, principal de Guarabira, frondoso pau-brasil sempre era admirado por populares, por ter sido quem ocasionou tantas escaramuças entre brancos e indígenas e também dera nome ao nosso país. Num determinado dia, o poeta Borges, servidor da SAELPA de nossa cidade, ao se aproximar do barzinho de Dona Dalva, defronte dos Correios, escutou as queixas de pessoas condenando a ação assassina de quem mandara cortar o pau-brasil, há alguns anos. Inspirado, o nosso poeta escreveu sob o mote RESTANDO SÓ UM PEDAÇO/DE QUEM DEU NOME AO BRASIL, em 26 de novembro de 1979, quando eram comemorados 92 anos de emancipação política de nosso município:
GUARABIRA uma cidade/que teve e tem nobre vulto/com seus Noventa de idade/guarda um sentimento oculto,/pois um "pau-brasil" plantado,/que tornou-se agigantado/frondoso e muito viril, foi transformado em bagaço:/- RESTANDO SÓ UM PEDAÇO/DE QUEM DEU NOME AO BRASIL.
Quem outrora vicejava/dando sombra ao viajor/que fatigado chegava/p'rá repousar do labor,/atualmente não tem/um só galho, pois o bem/que lhe fez um braço vil,/foi cortar-lhe o próprio braço:/- RESTANDO SÓ UM PEDAÇO/DE QUEM DEU NOME AO BRASIL.
O doutor Osmar de Aquino/por ser um filho daqui/com pensamento ladino/plantou a semente ali,/dispensando o maior zelo/para torná-la um "modelo"/debaixo do céu de anil,/porém lhe meteram o "aço":/ - RESTANDO SÓ UM PEDAÇO/DE QUEM DEU NOME AO BRASIL.
Nessa praça João Pessoa/foi florida antigamente/a "espécie" que Lisboa/levava diariamente./Mas, alguém com poderio/desconhecendo do brio/que dava belezas mil,/desvirtuou-lhe o espaço:/ - RESTANDO SÓ UM PEDAÇO/DE QUEM DEU NOME AO BRASIL.
Desde quando foi cortado/nunca mais teve existência/como esqueleto fincado/para estudos da "ciência"./Tendo o Céu por cobertor,/o Sol p'rá lhe dar calor,/a Terra como perfil,/na exposição do fracasso:/ - RESTANDO SÓ UM PEDAÇO/DE QUEM DEU NOME AO BRASIL.
Atualmente, o poeta Borges reside na bela praia e cidade de Baía da Traição, gozando de merecido descanso por tantos anos trabalhados.
(O poema oferecido a D. Dalva pelo autor, nos foi cedido por Ana Paula, sua neta).