sábado, 10 de julho de 2010

AGIOTAGEM E ESCRAVIDÃO


Conforme denúncia do monsenhor João Bosco, na cidade de Araçagi, os idosos que precisam comprar mercadorias, no sistema fiado, para garantir a sobrevivência do mês, não mais utilizam as antigas cadernetas e vales, porque deixam com os donos dos estabelecimentos comerciais, os seus respectivos cartões de programas sociais do Governo Federal, aos quais estejam vinculados. Com isso, os empresários credores garantem-se o recebimento em dia da dívida assumida e para isso, além do cartão, terão que utilizar a senha do comprador.

Por ser uma denúncia muito forte e nos parece que merecedora de fé por ter sido feita por pessoa idônea como o sacerdote Bosco, a promotoria pública promete apurar a fundo, porque se caracteriza ai, um crime de estelionato. Certamente não haverá dificuldades para a comprovação do crime, porque se tornou uma prática comum, um fato corriqueiro e que é do domínio público. Todos sabem disso.

O que é fato é que essa é uma prática muito comum nos dias atuais. Sempre escutamos comentários sobre o assunto, e até mesmo da própria vítima, não como uma denúncia, mas com uma pontinha de gratidão, por se achar altamente beneficiado pelos vendedores. Mostra-se plenamente agradecido, na sua inocência, e assim, passa as informações a outros amigos como se estivesse sendo favorecido “humanamente” por algum empresário. E com esse discurso, conquista mais credores ou vítimas para o comerciante.

Em verdade, nas conversas particulares, sabemos que agiotas de Guarabira e região, emprestam determinadas quantias a alguns servidores públicos e aposentados, desde que deixem em suas mãos, a senha e o cartão de recebimento do salário, para ser sacado na data precisa do pagamento, garantindo assim o não atraso da dívida ou amortização e pagamento dos juros, quando for o caso.

No mundo contemporâneo, vemos que foi criada uma nova forma de escravizar o ser humano, dessa vez o mais frágil da população, por estar na classe social mais pobre e sofrida. É preciso mais do que nunca que a sociedade se junte aos que têm interesse de fato, em dar um basta definitivo nesse tipo de ação. Assim, estaremos defendendo a quem não sabe tomar a si o próprio direito de defesa, enquanto praticamos justiça e um esforço grandioso e significativo para que todos sejam realmente iguais.