segunda-feira, 18 de março de 2013

REFLEXÕES ESTUDANTIS



(Fernando Domingos)

Ontem saindo de João Pessoa para Guarabira, depois de mais um dia de luta, luta por uma UEPB melhor. Estava eu num alternativo e o motorista vinha colocando várias músicas legais, “Música Brasileira”. O carro estava ocupado em sua maioria por jovens, na sequência das músicas veio “Tempo Perdido”, de Legião Urbana. A imagem seguinte sei que vocês já estão construindo na mente: “todos cantando.” Por um instante, os desconhecidos que estavam naquele carro passaram a ser semelhantes e companheiros, saudosos e emocionados, tomados pela canção.

Tenho uma certa queda pelo tema TEMPO, e algumas canções me arrebatam, nos arrebatam, eu sei. Em “Tempo Perdido”, Renato Russo escreve/faz algumas afirmações: 1°) Temos todo o tempo do mundo; 2°) Não temos tempo a perder e, por fim, 3°) Temos nosso próprio tempo.

A partir daqui tentarei fazer uma reflexão. Sabemos dos prejuízos que uma greve pode nos trazer e isto é fato. Porém, sabemos também das limitações e das necessidades que a UEPB vem passando e que estas realidades não são de hoje, este é um fato que também não podemos negar.

Aqui vimos várias manifestações de estudantes contra e a favor da greve, algumas manifestações poderiam acontecer de maneira mais ponderada ou maduras, em especial quando se trata de líderes se posicionando, posições com ataques pessoais.

É certo que todos nós estudantes queremos aulas, este é mais um fato. Mas não podemos aqui ser omissos e dizer que vai tudo bem com a UEPB, afinal não vai mesmo. Temos um Campus em Guarabira precário, cheio de problemas, temos outros campi sem prédio próprio, que é o caso de Patos, funcionando numa escola pública; João Pessoa, também funcionando numa escola pública; Monteiro, também ainda sem prédio próprio; Araruna, com estudantes de Odontologia e Engenharia sem laboratórios e que precisaram se deslocar para Campina Grande. No entanto, nossos problemas não se encerram por aqui; voltando para o Campus III, vemos todas as turmas de todos os cursos do 4° ano sem aula, por falta de sala, com o único laboratório de informática fora de funcionamento, pois o gesso caiu sobre vários computadores.


Gente, a greve dos professores e funcionários, ao contrário do que está sendo dito por aí, não é apenas por ajustes salariais, mas por outras inúmeras reivindicações e todas elas, TODAS ELAS, volto a escrever, são do interesse de TODOS ESTUDANTES.

Aos poucos estamos tornando pública nossa realidade, o que antes estava limitado apenas aos centros e estudantes, hoje está diante de toda sociedade paraibana: várias Câmaras Municipais estão sendo visitadas, ontem foi dia da Assembleia Legislativa.

Gente, é fato que o TEMPO NÃO PARA; mas, contrariamente, podemos ficar parados no tempo. Digo isso pelo simples fato de ver investimentos pra lá de absurdos concentrado em um único Campus; paralelamente todos os outros permaneceram estagnados, estacionados, parados e paulatinamente decadentes.

Vejo uma oposição ferrenha aos professores em greve, uma oposição ferrenha à própria greve, mas, por favor, rogo à vocês que observam as coisas com mais cuidado, vejam por outro ângulo, vejam esta greve dentro do nosso contexto e realidade. Não podemos permanecer/continuar assistindo de camarote a UEPB naufragar. Do que adianta reclamar sentados da nossa realidade e não lutar por melhorias?


Esta greve não é contra ninguém, muito menos contra os estudantes, mas sim, a favor da UEPB, pelo bem da UEPB. Estamos (ESTUDANTES) fazendo inúmeras reivindicações neste processo de greve. Entendo que esta é a hora de tomar posse de garantias, garantias por melhorias e a força estudantil é essencial agora, caso contrário, essa greve pode não alcançar seus objetivos (NOSSOS); e nós continuaremos assistindo de camarote a decadência da UEPB.

Este tempo de greve não é um tempo perdido e não podemos ficar parados no tempo enquanto ele passa. É hora de fazermos nosso tempo, temos nosso próprio tempo.

Por aulas, mas também por uma UEPB melhor. Por aulas, mas também por um RU competente e viável. Por aulas, mas também por qualidade de trabalho, ensino e pesquisa. Por aula, mas também por uma estrutura digna em todos os Campi.

Por fim, deixo vocês com mais um música, desta vez de um cidadão de Guarabira, Zé Catimba, em “Bandeira da Paz”: “Vamos. Nos unir que eu sei que há jeito. Mostrar que nós temos direito. Pelo menos à compreensão.”

FONTE: PORTAL COMANDO DE GREVE UEPB