E este número é aproximado, dizendo respeito somente ao exército
inglês. Pesquisadores revelam que tomando todos os lados envolvidos, esse
número pode ser até duas vezes maior.
Historiadores calculam que mais do que 90% dos cavalos
ingleses enviados para os campos de batalha na Primeira Guerra Mundial
(1914-1919) nunca retornaram. Na época, embora já se empregasse carros e
tanques, e boa parte da guerra tenha sido realizada em trincheiras, os animais
ainda representavam uma das principais formas de locomoção em terreno de
combate. Era a chamada “cavalaria”, considerada uma tropa rápida e eficaz de
luta envolvendo soldados.
Mas os cavalos não serviram apenas para carregar os
soldados: esses incríveis animais também foram vitais para o envio de
mensagens, transporte de armas e suprimentos. No teatro de guerra, deste modo,
os cavalos tinham um valor estratégico. E isso, claro, consumia recursos. Como
passavam horas e até dias carregando grandes quantidades e peso, passando frio
e calor, precisavam ser alimentados corretamente. Durante os quatro anos de campanha,
o exército britânico, por exemplo, precisou arcar com toneladas de alimentos.
De acordo com o site World War History Online, estima-se
que até o fim da Primeira Guerra Mundial cerca de 8 milhões de cavalos tenham
sido utilizados por ambos os lados envolvidos no conflito, além de 213 mil
mulas. Haveria, no entanto, uma disputa a respeito do número de animais que
perderam suas vidas. Para os britânicos, dos quase 1 milhão de cavalos enviados
ao front aliado, apenas 65.000 retornaram. A maioria teria morrido, mas muitos
também se perderam ou simplesmente foram vendidos. É impossível determinar com
exatidão o destino desses cavalos-soldados. Mas há espaço para algum heroísmo
nisso tudo. Documentos encontrados no Ministério da Guerra, encontrados no Arquivo
Nacional em New, revelam que dezenas de milhares de animais que corriam risco
de morte após lutarem na guerra foram salvos graças a um ofício que Winston
Churchill enviou para a sua própria secretaria de Estado de Guerra e par ao
Ministério de Transporte. Em apenas uma semana, foram enviados de volta para
Grã-Bretanha 21 mil cavalos.
Enquanto isso, as forças francesas calculam em 524 mil o
número de cavalos tombados. Já as forças alemães, do outro lado, dizem que as
fatalidades envolvendo cavalos podem ter sido alcançado a casa dos dois
milhões. Apesar da discordância dos números, uma coisa é certa: os animais
foram parte decisiva do combate e também foram vítimas de sua violência
extremada.
A história dos cavalos na Primeira Guerra Mundial ainda é
desconhecida do grande público. Mas, recentemente, foi possível descobrir um
pouco mais sobre ela com o filme do diretor americano Steven Spielberg,
“Cavalo de Guerra”, lançado em 2012. A sinopse do filme: Ted Narracot (Peter
Mullan) é um camponês destemido e ex-herói de guerra. Com problemas de saúde e
bebedeiras, batalha junto com a esposa Rose (Emily Watson) e o filho Albert
(Jeremy Irvine) para sobreviver numa fazenda alugada, propriedade de um
milionário sem escrúpulos (David Tewlis). Cansado da arrogância do senhorio,
decide enfrentá-lo em um leilão e acaba comprando um cavalo inadequado para os
serviços de aragem nas suas terras. O que ele não sabia era que seu filho
estabeleceria com o animal um conexão jamais imaginada. Batizado de Joey pelo
jovem, os dois começam seus treinamentos e desenvolvem aptidões, mas a 1ª
Guerra Mundial chegou e a cavalaria britânica o leva embora, sem que Albert
possa se alistar por não ter idade suficiente. Já nos campos de batalha e
durante anos, Joey mostra toda a sua força e determinação, passando por
diversas situações de perigo e donos diferentes, mas o destino reservava para
ele um final surpreendente.
Fonte: Café História