O
Banco do Nordeste informou na noite desta terça-feira (15) que uma sindicância
interna será instaurada para apurar o desvio de aproximadamente R$ 2,5 milhões
em recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).
Os
recursos deveriam ter sido aplicados na construção de um hotel em João Pessoa,
mas seu uso foi comprovado com notas fiscais falsas, de acordo com o delegado
responsável pelo trabalho, Leonardo Paiva.
Procurado
pela equipe de reportagem, o núcleo de comunicação social do banco informou
ainda que "tendo em vista a legislação que regulamenta o sigilo bancário,
não é possível prestar informações sobre operações de crédito". Além
disso a instituição afirmou que está comprometida em "colaborar sempre com
os órgãos de fiscalização, aprimorando os controles internos visando reduzir os
riscos operacionais." O desvio está sendo investigado pela Polícia
Federal.
Uma
operação com foco no caso foi realizada na manhã desta terça-feira (15)
cumprindo quatro mandados de busca e apreensão em João Pessoa e mais três em
Brasília.
De
acordo com o delegado Leonardo Paiva, dois empresários de Brasília acessaram o
financiamento de cerca de R$ 7 milhões em 2011, tendo direito a benefícios
específicos para obras de apoio à Copa do Mundo, como juros baixos e prazo
longo para pagamento. Mas o esquema foi identificado por uma fiscalização da
Controladoria Geral da União (CGU), que observou as fraudes. “As notas fiscais
eram reconhecidamente falsas, com erros grosseiros”, detalhou.
Como
exemplo dos problemas já identificados, o delegado citou que o projeto do hotel
previa a utilização de R$ 751 mil na compra de condicionadores de ar de alta
tecnologia, mas apenas R$ 154 mil foram efetivamente aplicados. Na instalação
destes equipamentos, foram gastos R$ 71 mil, quando o projeto previa R$ 510
mil. Também foi identificado um valor 30% superior ao preço praticado no mercado
paraibano na compra do parcelanato, o que representou R$ 172 mil gastos sem
comprovação correta.
A
investigação começou no dia 26 de fevereiro e segue em segredo de justiça
depois do cumprimento dos mandados de busca e apreensão desta terça-feira. O
delegado adianta que os indícios de fraude são fortes e que, além dos
dois empresários, também estão sendo investigados dois funcionários do banco.
Segundo Leonardo, o papel dos funcionários era liberar o financiamento e
fiscalizar o correto uso dos recursos e eles podem ser responsabilizados “por
ter havido, no mínimo, negligência”.
O
delegado também relatou que o dono de uma empresa que teria prestado serviço na
obra foi ouvido pela Polícia Federal e indicou que se tivesse recebido o
valor que as notas supostamente falsas demonstram, não moraria na casa simples
numa cidade satélite do Distrito Federal, onde foi localizado. “Ele diz que
sequer veio a Paraíba”, destaca.
Um
dos empresários suspeitos da fraude já é investigado por outras ações ilícitas.
A Polícia Federal não divulgou o nome do hotel, mas informou que ele já está em
operação na capital. “O próximo passo é analisar os documentos apreendidos para
ver o caminho percorrido pelo recurso. Quem acessa um investimento desse é
beneficiário e eles não agiram de forma condizente com o beneficiamento”,
conta.
Fonte:
Portal ClickPb