O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra fez nesta quinta-feira protestos contra a liberação de uma variedade
transgênica de eucalipto. Cerca de mil mulheres,
segundo o movimento, ocuparam uma unidade de pesquisa em Itapetininga, interior
paulista, onde a FuturaGene e a Suzano Celulose desenvolvem a espécie
geneticamente modificada.
A militante Camila Bonassa, que participou do ato, disse que,
durante a ação, foram destruídos viveiros de mudas do eucalipto em
desenvolvimento.
Em Brasília, militantes ocuparam o escritório da Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). A pauta do órgão para reunião de
hoje previa apreciação do pedido de liberação da variedade H421. Os
desenvolvedores informaram que o eucalipto modificado terá maior produtividade e
será usado para indústria madeireira.
De acordo com o MST, a variedade consome mais água que as
plantas naturais e coloca em risco a produção brasileira de mel. Lideranças do
movimento argumentam que a maior parte do produto é feita a partir do
eucalipto.
Acrescentam que, com a introdução do transgênico, as abelhas
poderiam contaminar a produção com os elementos da nova variedade. Assim, o mel
nacional poderia sofrer restrições no mercado internacional, além de possíveis
ameaças à saúde dos consumidores e das abelhas.
– O eucalipto transgênico não é liberado em nenhum lugar do
mundo, o Brasil seria o primeiro a liberar. Seria uma espécie de cobaia –
criticou Camila Bonassa. Para a ativista, o protesto na unidade da empresa é
uma forma de chamar atenção para o modelo de produção de alimentos no país. “É
uma ação em defesa da soberania alimentar e produção de alimentos saudáveis”,
ressaltou.
A Polícia Militar do município confirmou o chamado pela
ocupação, mas ainda não tinha detalhes sobre a ocorrência.
A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a FuturaGene,
Suzano Celulose, CTNBio, mas não teve retorno até a publicação da matéria.
Fonte: Portal Correio do Brasil