Na quarta-feira (22), a TV
Globo admitiu erro na divulgação do último debate entre Luiz Inácio Lula da
Silva e Fernando Collor de Melo nas eleições presidenciais de 1989. A edição do
Jornal Nacional, no dia seguinte ao debate ao vivo, virou alvo de críticas por
beneficiar Collor, que teve, inclusive, um minuto e meio a mais do que o
candidato petista. A emissora negou “má-fé” no episódio, mas reconheceu que não
foi uma edição equilibrada.
Os argumentos não convenceram a
ex-presidenciável Luciana Genro (PSOL), crítica ferrenha à Rede Globo. Ela
manifestou pelo Twitter a sua indignação diante da explicação dada por Willian
Bonner. “Hoje o Jornal Nacional se superou. A edição pró Collor do debate com
Lula em 89 virou ‘aprendizado’! Só se for em manipulação de eleições!”,
escreveu. E completou: “Aliás, falando em manipulação, nos próximos ‘erros’ vão
ter que incluir a cobertura da lei das terceirizações. Só botam especialistas a
favor!”.
Na última terça-feira, a Globo também havia
admitido problemas na cobertura das Diretas Já, movimento em defesa das
eleições diretas para presidente da República em 1983 e 1984, no final da
ditadura militar. Bonner relembrou o comício de 25 de janeiro de 1984,
noticiado como se fosse uma comemoração do aniversário de São Paulo.
“Um dia de festa em São
Paulo. A cidade comemorou seus 430 anos com mais de 500 solenidades. A maior
foi um comício na praça da Sé”, disse à época o apresentador Marcos Hummel para
introduzir a matéria com imagens do protesto. Esse e outros momentos estão
sendo resgatados em uma série do Jornal Nacional sobre os 50 anos do jornalismo
da emissora.
“A Globo, que todo mundo sabe apoiou a
ditadura e fez tudo o que pode para ocultar a luta pelas Diretas, agora quer
que pensemos que tudo não passou de um erro jornalístico. Sinceramente não sei
como estes jornalistas, capitaneados pelo Bonner, têm coragem de chancelar esta
falsificação da história no Jornal Nacional”, declarou Luciana sobre a
retrospectiva.
Fonte: Pragmatismo Político