A artesã argentina Paula Garcia está há três anos na estrada.
Percorreu Venezuela, Colômbia, Peru, Equador, Bolívia, Chile e foi parar em São
Thomé das Letras, no Sul de Minas. “Por vários lugares que passei ouvi: ‘você
tem que ir a São Thomé’. Adorei a energia daqui e fui muito bem recebida por
todos”, afirma a moça, de 25 anos. Israel, o Paz da Floresta, de 43, é outro
viajante encantado pela pedreira mística do Sul de Minas. Depois de largar a
vida de contador e “rodar meio mundo” com o montanhismo, Israel – que gosta de
ser chamado de Paz da Floresta – decidiu viver em São Thomé das Letras. “A
principal descoberta aqui é que a gente é capaz de realizar o que a gente,
antes, não acreditava ser capaz”, diz.
Paz da Floresta diz que a cidade que ele conheceu há mais de
20 anos perdeu um pouco da magia, mas que, ainda assim, tem uma energia que ele
não conheceu em nenhum lugar. “O boom imobiliário e a tecnologia prejudicaram
São Thomé. A cidade acolheu os esotéricos a partir dos anos 1960, por causa da
paz. E essa paz vem se perdendo aos poucos, infelizmente. Mas São Thomé é um
lugar de encantos”, defende. Paz da Floresta afirma já ter visto um objeto não
identificado lançando uma luz branca na Mata de Sobradinho, próxima à Montanha
do Gavião. “Tem coisas que a gente vê, como muitos já viram. Tem coisas que a
gente sabe, como muitos já sabem. Tem coisas que é vir para ver”, filosofa.
“Este é um planeta de mil reis. Rei é aquele que já alcançou
recursos mínimos pela liberdade de viver.” Você já é rei, Paz? “Não. Ainda não.
Tive que vender o meu chalé para o tratamento da minha perna”. Paz da Floresta
está de muletas. Ele conta 21 pinos na perna esquerda. Um tombo nas montanhas.
Desde 2007, o guia está à frente de circuito de filosofia e natureza. Trabalho
para grupos pequenos com interesse em conhecer a fundo a cidade. “Estamos
trabalhando para adquirir um pedaço de terra para criar um campo na floresta e
estabelecer um ambiente com tudo o que é preciso para viver sem dinheiro, o
grande mal da humanidade”, ressalta o filósofo.
No Bar Terraço é a banda Daz Antiga, com Gabola, D2 e Magno,
a atração do feriado. Pires do Rio, de 40, nascido em Goiás, está em São Thomé
há um mês. O pintor e escultor diz ter se encontrado na cidade. “É aqui que
quero me enraizar igual a samambaia nas pedras”, sorri. Gabola canta Sociedade
alternativa. “Esta música é meu mantra”, diz. Pires é só alegria junto ao
balcão do bar, dançando ao som de Raul Seixas. Um insight: “A energia cósmica
tem uma ligação entre o céu e a Tserra aqui. A energia desses montes faz a
gente transcender. A gente só coloca para fora, pela boca e nas nossas ações, o
que existe dentro do nosso coração”, alegra-se com o pensamento. No Terraço,
Fada Marília, Regina Zagatti e Marcos Tadeu dançam a percussão visceral de D2.
Fonte: Diário de Pernambuco