Viúva do educador Paulo Freire (1921-1997), a também educadora Ana
Maria Araújo Freire foi recebida no mês passado em audiência privada no
Vaticano pelo papa Francisco. Segundo Nita, como Ana Maria é conhecida, o
encontro durou 40 minutos.
Conforme o relato da educadora, Francisco
disse que já havia lido a “Pedagogia do Oprimido”, obra mais célebre de Paulo
Freire.
Mais reconhecido educador brasileiro, Freire
pautou sua obra pela ideia de que, em vez de receber o conhecimento
passivamente, os alunos precisam formar consciência crítica – só assim serão
cidadãos com autonomia.
O
encontro foi intermediado por dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São
Paulo e sacerdote brasileiro mais próximo do pontífice.
Na audiência, na qual esteve acompanhada da
filha Heliana Hasche e de um casal de amigos, Nita entregou a Francisco uma
carta na qual elogia o seu papado e pede ajuda para que ele interceda junto a
sacerdotes (“sobretudo dominicanos, salesianos e jesuítas”) para que cedam
cartas que receberam de Paulo Freire sobre a Teologia da Libertação.
A corrente de origem latino-americana que
defende uma igreja voltada aos pobres, sempre próxima do marxismo, assim como
Freire, voltou a ter acesso ao Vaticano com a chegada de Francisco ao poder –
foi perseguida durante o papado de João Paulo II (1978-2005).
A educadora pediu ainda que o papa estudasse
a possibilidade de abrir os arquivos do Vaticano “para sabermos se houve e qual
foi a influência e a presença das ideias de Paulo Freire junto ao papa Paulo VI
e em outros pontificados, a partir da publicação e socialização da ‘Pedagogia
do Oprimido’, em 1970″.
Nita entregou ao papa uma caixa com todos os
livros de Paulo Freire (em português), além da biografia que ela escreveu do
educador, com quem foi casada por dez anos.
Por fim, convidou Francisco para comer uma
pizza nas ruas de Roma como se fora um mortal comum e, na próxima visita ao
Brasil, provar uma feijoada feita por ela. Segundo a educadora, o papa riu.
Fonte: Pragmatismo Político