Daniel Lima e Michèlle Canes –
Repórteres da Agência Brasil
Manifestantes do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) continuam ocupando o andar térreo do
prédio principal do Ministério da Fazenda, em Brasília. Eles chegaram por volta
das 5h20 da manhã de hoje (3). Com bandeiras do movimento e faixas pedindo
urgência na reforma agrária e a saída do ministro Joaquim Levi, os
manifestantes protestam contra os cortes orçamentários e o reajuste fiscal recentemente
pelo governo.
"Viemos aqui criticar e nos
mobilizar contra a política econômica do governo de uma maneira geral, que tem
atingido, através do reajuste fiscal, os trabalhadores e trabalhadoras e também
o Orçamento, no que diz respeito à reforma agrária", disse Kelli Mafort,
da coordenação nacional do MST.
Os funcionários do Ministério
estão impedidos de entrar no prédio e, do lado de fora, manifestantes montaram
um acampamento com barracas. Segundo a coordenação do movimento, cerca de 2 mil
pessoas de diferentes partes do país estão no local. Já a Polícia Militar
estima o número de pessoas em 700.
Mafort explica que, atualmente,
cerca de 100 mil famílias ligadas ao MST aguardam a reforma agrária em
acampamentos por todo país e que o ajuste fiscal representou um corte de 50% no
orçamento destinado para este fim, que era R$ 3,5 bilhões. "Temos hoje, no
Ministério do Desenvolvimento Agrário, R$ 1,8 bilhão para a reforma agrária.
Esse número é irrisório diante da necessidade", disse.
Os manifestantes afirmam que
ficarão no local, até que haja uma sinalização por parte do governo. "É
muito mais uma questão central do governo para, de fato, mexer na política
econômica para que isso atinja também a política de reforma agrária, do que
simplesmente uma negociação com o Incra [Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária] ou o Ministério do Desenvolvimento Agrário", ressaltou
Kelli. Ela conta que foram feitas reuniões anteriormente, mas que as
negociações não resultarem em conquistas concretas.
A manifestação em Brasília faz
parte de uma ação nacional e, segundo a coordenação do movimento, São Paulo,
Ceará, Rio Grande do Sul e outros estados também estão mobilizados. Até o
momento, o Ministério da Fazenda não se manifestou sobre a ocupação.
Edição: Denise Griesinger
Fonte: Agência Brasil