O presidente da Comissão de Direitos Humanos da
Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), apresentou nesta segunda-feira (31) uma
série de requerimentos à Polícia Federal, ao Ministério da Justiça, ao
Ministério Público Federal e à Ordem dos Advogados (OAB), solicitando
investigação das ameaças feitas por um advogado de Brasília à presidente Dilma
Rousseff.
Candidato a deputado federal pelo PSDB do Distrito
Federal em 2014, Matheus Sathler Garcia divulgou um vídeo na internet em que
sugere à presidente que renuncie, fuja do Brasil ou suicide até o próximo
domingo (6), sob pena de ser destituída pelos militares e ter a cabeça
arrancada. “Caso contrário, o sangue vai rolar. E não de inocentes. E vamos
fazer um memorial na Praça dos Três Poderes: um poste de cabeça pra baixo. Com
a foice e o martelo, nós vamos arrancar sua cabeça e fazer um memorial”, disse
o advogado, no vídeo de 2 minutos e 58 segundos, gravado por ele mesmo no
último dia 25.
ESCLARECIMENTOS. Paulo Pimenta pediu à PF que
chame o advogado a explicar as ameaças feitas à presidente. “Ele terá uma
oportunidade para reafirmar as ameaças e esclarecer o teor de sua
manifestação”, disse o deputado. O petista lembrou que um cidadão americano foi
detido, nos Estados Unidos, após ameaçar de morte o presidente Barack Obama.
Um ofício pedindo providências foi enviado pelo
parlamentar ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Pela legislação
brasileira, cabe ao titular dessa pasta encaminhar os procedimentos relativos à
apuração de crimes contra a honra que envolvam o presidente da República.
Outros três encaminhamentos foram feitos pelo
presidente da Comissão de Direitos Humanos. Pimenta pediu ao Gabinete de
Segurança Institucional que reforce a segurança no dia 7 de setembro. Ele
também solicitou ao Ministério Público Federal que apure se o advogado praticou
incitação ao crime e à OAB que instaure processo disciplinar contra Matheus
Sathler.
O deputado ressalta que o advogado também defende a
adoção de mecanismos violentos de rompimento da ordem constitucional, “com
flagrante escárnio” pelos princípios do Estado Democrático de Direito.
“Dilma Rousseff, renuncie, fuja do Brasil ou se
suicide até o dia 6 de setembro, às 23h59. Caso contrário, como anunciado, dia
7 de setembro a gente não vai pacificamente para as ruas. Vamos juntamente com
as Forças Armadas, populares do Brasil, defender o povo brasileiro e te tirar
do poder. O povo brasileiro está cansado de ser escravizado por você,
escravocrata de impostos. Você, que implantou a ditadura, comunista de Cuba.
Pegou em armas, foi derrotada e será derrotada mais uma vez”, disse o advogado.
Ainda no vídeo, o ex-candidato a deputado disse que
sua fala não era uma ameaça. “Eis que um dia a tartaruga foi destronada da sua
arrogância de autoridade. Aqui não é uma ameaça nem aviso, porque quando o povo
agir, não terá mais volta”, disse Matheus Sathler. “Que Deus traga a paz à
nossa nação. Divulgue essa informação”, concluiu.
“KIT MACHO”. Esta não é a primeira vez que o
advogado se envolve em polêmicas. Em sua fracassada tentativa de chegar à
Câmara, no ano passado, ele defendeu a instituição de um “Kit Macho” e de um
“Kit Fêmea”, que seriam cartilhas a serem distribuídas nas escolas para
“ensinar homem a gostar de mulher e mulher a gostar de homem”.
Os kits, segundo ele, serviriam para neutralizar as
ações que são desenvolvidas pelo programa federal “Brasil Sem Homofobia”. O
então candidato tucano acusou o governo Dilma de “ensinar” homossexualidade às
crianças brasileiras.
Evangélico, ligado à Assembleia de Deus Ministério
Missão Vida, o advogado se apresenta como líder do Movimento Mais Valores,
Menos Impostos. Em entrevista ao portal UOL, durante a campanha, Matheus
Sathler declarou que tinha ideias inovadoras para “livrar a família brasileira
de sua total destruição, como vem tentando fazer o PT (Partido dos
Trabalhadores), que é o partido de Satanás”. Fonte: Pragmatismo Político.