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– O ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo, externou a posição do governo federal diante de
atos de intolerância e qualquer tipo de incitação à violência ao participar,
nesta quarta-feira 2, de uma reunião com produtores rurais em Campo Grande,
Mato Grosso do Sul, devido a conflitos entre fazendeiros e indígenas por posse
de terras na região.
O
incidente ocorreu apenas três dias depois de Cardozo ter sido alvo de uma
manifestação de caráter fascista na Avenida Paulista, em São Paulo, no último
domingo 30. Na ocasião, integrantes do movimento Revoltados Online, que defende
o impeachment da presidente Dilma Rousseff, vaiaram o ministro, que mora na
região e caminhava até uma livraria.
"Ou
pacificamos ou não há conversa. A lei será cumprida", disse Cardozo,
durante a reunião com os produtores rurais. Segundo ele, a posição do governo é
não aceitar "qualquer tipo de ameaça" seja por parte de indígenas ou
de produtores. "Se querem manter a paz, mantenhamos, sem qualquer tipo de
ameaça a quem quer que seja", completou.
O
discurso do ministro foi feito após ele ter sido interrompido por uma produtora
rural, que disse: "Não tenho medo de você". Cardozo rebateu:
"você não deve ter medo de mim, mas da lei". O ministro ameaçou
considerar crime e determinar investigação pela Polícia Federal qualquer tipo
de incitação à violência no local.
Após
o encontro com os produtores rurais, o ministro se encontrou com lideranças
indígenas. Também esteve presente o governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo
Azambuja (PSDB), e o comando do Exército.
A
região é palco de conflitos por disputa de terras há mais de 30 anos. A morte
de líderes indígenas tem tensionado os problemas recentemente. No último fim de
semana, o líder Guarani Kaiowá Simão Vilhaça foi encontrado morto com um tiro
na cabeça.
A
Força Nacional está na região desde que os indígenas invadiram uma área que foi
considerada e homologada como indígena pelo governo federal. O STF concedeu uma
liminar em 2005, no entanto, caçando a decisão. Os fazendeiros tentam expulsar
os indígenas à força. Fonte: Brasil 247.