O neurocientista norte-americano Carl
Hart negou ter sido barrado e sofrido discriminação racial no Hotel Tivoli
Mofarrej, onde participou de um seminário promovido pelo Instituto Brasileiro
de Ciências Criminais, nesta sexta-feira. As informações são do portal Fluxo,
que fez uma entrevista com Hart.
Segundo o professor foi na noite de
sexta-feira, após sua palestra, que descobriu que havia uma matéria afirmando
que ele havia sido barrado no hotel. Hart contou que, depois disso, recebeu
inúmeras mensagens, e-mails e ligações pedindo desculpas pelo suposto
comportamento do segurança.
“O que realmente aconteceu foi o
seguinte: quando eu cheguei dos USA anteontem, eu fui ao hotel. E imediatamente
depois de sair do carro, eu fui direto ao banheiro. E não houve qualquer
problema. Mas quando saí do banheiro, os organizadores da Conferência vieram se
desculpar”, afirma Hart.
“Durante minha palestra, chamei
atenção para a pouca quantidade de negros que participavam do seminário. Eram
dois ou três, enquanto havia centenas de brancos. Não tinha relação nenhuma com
o episódio do hotel, mas a reportagem associou as duas coisas. A matéria foi
enganosa e viralizou. Eu quero que as pessoas entendam que, se tivesse sido
discriminado, seria a primeira pessoa a falar sobre isso. E o Brasil tem sérios
problemas de discriminação racial, então a indignação que sentiram em relação a
mim deveriam expressar pelos próprios brasileiros. Não deveriam gastar essa
energia comigo”, completou o professor.
Ainda de acordo com o portal Fluxo, as
declarações de Hart sobre o abismo racial no Brasil durante a palestra no
Seminário Internacional de Ciências Criminais, no hotel Tivoli, não se
relacionava com qualquer constrangimento que ele tenha sofrido. Mas com algo,
em sua opinião, ainda mais grave: o racismo
estrutural brasileiro. Que não recebe qualquer destaque, nem
indignação pública, quando dirigido a pessoas sem o destaque ou a posição que
ele ocupa.
Em nota, a direção do Tivoli São Paulo
– Mofarrej informou que “são inverídicas as notícias veiculadas desde ontem que
indicavam discriminação nas dependências do hotel com o neurocientista Carl
Hart” e que “em nenhum momento houve qualquer tipo de abordagem ao senhor Carl
por parte dos colaboradores do hotel”. Ainda de acordo com o hotel, “todas as
imagens do circuito interno de segurança confirmam que Carl circulou pelas
dependências do hotel sem ter sofrido nenhuma forma de constrangimento, por
parte de colaboradores do Tivoli São Paulo – Mofarrej”.
O neurocientista é professor da
Universidade de Columbia, onde conduz pesquisas e leciona disciplinas de
neurociência, psicologia e farmacologia. Hart é conhecido por estudar as
interações entre as drogas de uso recreativo e fatores neurobiológicos e do
meio ambiente que medeiam o comportamento e psicologia humanos. A palestra do
neurocientista, realizada durante o 21° Seminário Internacional de Ciências Criminais,
foi intitulada “Criminalizar o uso de drogas para marginalizar ainda mais”. Fonte:
Pragmatismo Político.