A presidente Dilma
Rousseff fez nesta quarta-feira, 2, novo apelo para que o vice, Michel Temer,
reassuma a articulação política do governo, mas ouviu um "não" como
resposta. Os dois almoçaram, no Palácio da Alvorada, e Dilma pediu ao vice que
volte a fazer a "ponte" com o Congresso. Mas Temer recusou.
"Eu não me furto a colaborar, mas esse assunto
está encerrado", disse o peemedebista à presidente. Após anunciar uma
reforma administrativa, com corte de dez dos 39 ministérios, Dilma planeja
agora remodelar a Secretaria de Relações Institucionais, que hoje é responsável
pela articulação política.
Na segunda-feira, Dilma conversou com o ministro da
Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo (PC do B), e pediu a ele que auxilie o
governo na reaproximação com o PMDB. O gesto foi interpretado como um sinal de que
Aldo pode voltar a comandar a articulação política, como fez no primeiro
mandato do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O assessor especial da Presidência Giles Azevedo
foi designado por Dilma para ouvir deputados e senadores da base e montar a
blindagem do governo na CPI do BNDES. No novo modelo planejado por Dilma, Giles
permaneceria como uma espécie de "ouvidor", mas não seria ministro.
Hoje, além de assessor da presidente, ele é conselheiro da empresa Itaipu
Binacional.
Com a saída definitiva de Temer da articulação
política, o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), deixará o
"varejo" das negociações com o Congresso. Apesar de ocupar a Aviação
Civil, Padilha despachava no gabinete da pasta de Relações Institucionais desde
abril, quando Temer assumiu a tarefa.
Na reforma administrativa, Padilha é cotado para
assumir o Ministério dos Transportes, que deverá ser fortalecido. Nos
bastidores, o comentário é que Transportes abrigará Portos e Aviação Civil.
Embora petistas queiram que o ministro da Defesa, Jaques Wagner, assuma a
articulação política ou a Casa Civil, no lugar de Aloizio Mercadante, Dilma não
dá sinais, até agora, de que fará essa mudança.
'Atabalhoada'. Na conversa de ontem, Temer disse a Dilma que o
governo erra na forma como vem tratando a crise e citou a proposta de recriar a
Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que, no seu
diagnóstico, foi tratada de forma "atabalhoada".
Dilma concordou e convidou Temer para uma reunião,
no domingo, no Alvorada, com o objetivo de encontrar saídas para o déficit
orçamentário. O vice informou Dilma de que na terça-feira reunirá governadores
do PMDB, além dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), da Câmara,
Eduardo Cunha (RJ), e ministros do partido, para discutir como debelar a crise
política e econômica. Com informações do Estadão Conteúdo. Fonte: Notícias ao Minuto.