Pernambuco
247 - A pior
seca a assolar a Região Nordeste nos últimos 50 anos continua fazendo estragos.
Nesta terça-feira (27) a Agência Nacional de Águas (ANA) deve anunciar a
redução da vazão do lago de Sobradinho, um dos maiores lagos artificiais do
mundo com 320 quilômetros de extensão, dos atuais 900 metros cúbicos por
segundo (m³/s) para 800m³/s. Neste final de semana, o nível do reservatório –
que responde por cerca de 58% da água utilizada para geração de energia na
Região – estava em apenas 5,14% da capacidade total de armazenamento de 34,1
bilhão de metros cúbicos. Expectativa é que Sobradinho alcance o volume morto
em meados de dezembro.
Com
a queda no volume acumulado em Sobradinho, responsável por controlar a vazão da
água para as regiões do médio e do baixo São Francisco, especialistas avaliam
que o impacto na geração de energia já chegue a 30%. O fornecimento, porém,
está sendo garantido por transferências de energia de outras regiões graças à
interligação do sistema nacional de transmissão e o uso de usinas
termelétricas.
Parte
do problema, porém, também está ligado ao gerenciamento hídrico do Rio São
Francisco. A usina de três Marias, localizada em Minas Gerais, onde ficam as
nascentes do rio, possui capacidade para acumular 21 bilhões de m³ e acumula
atualmente 18,8% deste total. A liberação de água, entretanto é de apenas 500
m³/s. Como Sobradinho, que fica bem abaixo libera uma vazão muito maior para
atender as regiões do médio e do baixo São Francisco, além de gerar energia, a
queda é muito mais significativa.
Existe
o temor de que a Cemig, controladora da usina em Minas Gerais, resista e segure
a água no reservatório mineiro, apesar de todos os órgãos ligados à questão
hídrica já avaliarem que Três Marias deve liberar 100m³a mais que o volume atual,
Com
o reservatório de Sobradinho registrando o seu nível mais baixo em 14 anos e
uma disputa regional em curso, caberá à Ana decidir se a água liberada deverá
priorizar o abastecimento humano e animal, a geração de energia ou a maior
fonte econômica das regiões do médio e do baixo São Francisco: a fruticultura
irrigada.
É
nesta área do país onde são produzidas 68% das mangas e 90% das uvas de mesa
irrigadas produzidas no Brasil. Em termos de exportação, a região do Vale do
São Francisco responde por 90% de toda a uva e manga comercializada no mercado
internacional pelo Brasil.
Diante
da estiagem contínua e que não dá mostras de arrefecer, a Chesf já adiantou que
caso Marias não libere os 100m³esperados, será incapaz de atender às
necessidades dos projetos agrícolas, o que deverá resultar não apenas em
prejuízos financeiros, mas políticos também; Caso os projetos de agricultura e
fruticultura irrigada sejam prejudicados, o desemprego na Região Nordeste
deverá subir vertiginosamente, um ônus político que o governo federal não
deseja em um momento de crise econômica e política como o atual.
Somente
um dos projetos, o Senador Nilo Coelho, possui 12,5 mil hectares plantados por
pequenos agricultores e outros 6 mil ocupados por empresas. Ali são gerados
18,1 mil empregos diretos e cerca de 100 mil indiretos. Caso a situação hídrica
não melhore, o Nilo Coelho corre o risco de parar suas atividades por falta de
água no início de dezembro, quando o reservatório de Sobradinho também deverá
chegar ao seu volume morto.
Para
tentar evitar o colapso, a ministra Kátia Abreu liberou, no início do mês de
outubro, R$ 35 milhões para a implantação de um sistema de captação de água por
meio de bombas flutuantes instaladas diretamente no leito do rio. O sistema,
com capacidade para captar até 14 m³/s, porém, só deverá entrar em operação em
janeiro de 2016 e as bombas devem permanecer em atividade até abril, quando as
primeiras chuvas devem começar a cair nas cabeceiras do rio, em Minas Gerais. Fonte:
Brasil 247.
