Para aqueles que não saem a
passeio ou a negócios por ai pelas cidades interioranas deste Estado, a seca
tão cantada em prosa e versos ainda não é um problema muito sério não. Diante
do que não se vê pessoalmente, parece que a situação é muito menor do que a
anunciada. A gente se acostuma a tomar conhecimento apenas e tão somente dessas
ocorrências pelos telejornais e fica por ai mesmo.
Aqui e acolá é que a gente
conversa com alguém e comenta sobre o dilema da seca enfrentado pelos irmãos
que residem em municípios mais longínquos onde as barragens estão secando
enquanto dezenas de outras já não têm água faz muito tempo. E como a gente tem
água “abundante”, ainda, está tudo bem.
Em cidades onde o drama da seca é
cotidiano e há anos, mal a gente senta a uma calçada ou para à porta de um
estabelecimento comercial para trocar dois dedos de prosa com alguém do lugar,
já se procura saber onde a gente mora e se há água de forma mais farta. Ai a
conversação corre solta e a gente tem a oportunidade de ouvir uma dissertação
ao vivo e exata do drama vivido pela população do lugar e da região.
Lá pras bandas de Taperoá e
Desterro, por exemplo, açudes muito importantes e construídos outrora por
governantes como Wilson Braga e Tarcísio Burity, têm os seus leitos
completamente ressequidos e rachados pela inclemência cotidiana do sol. O povo
completamente desanimado e assustado com tanta crueldade proporcionada pela
natureza, não tem mais a quem pedir socorro e fica sempre à espera aqui e acolá
de um caminhão pipa que lhe possa amenizar o sofrimento com a cessão de algumas
latas d’água. E esse transporte não é constante não, pois são muitas as
comunidades a serem atendidas diariamente por poucos caminhões.
Enquanto isso, muitas outras
pessoas rezam a Deus pedindo-lhe compaixão e o envio de chuvas que possam
amenizar-lhe o sofrimento e do próprio solo, para que nesse volte a eclodir
novamente a vegetação natural e toda aquela plantada pela mão humana.
A fé ainda é do paraibano atingido
pela seca, a companheira permanente que o acalma e dá-lhe esperança renovada. Parece
anunciar-lhe que Deus não está indiferente ao seu sofrimento e os seus gemidos
serão aplacados no momento certo, quando as nuvens lhe retornarão as chuvas que
molhando o solo ressequido lhe devolverão fartura e felicidade.
Que venham logo essas chuvas Senhor
e sejam extintos tantos sofrimentos de um povo que tem passado por tanta
provação. Se a ti, Senhor, não se pedir, a quem mais se deverá fazê-lo se és o
Criador de tudo e o Pai de todos.