Por
Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA
(Reuters) - O
governo da presidente Dilma Rousseff acompanha com preocupação o congresso
organizado pela Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB, que acontece nesta
terça-feira, em Brasília, e que deve marcar um primeiro movimento de
afastamento gradual do partido da administração da petista, informaram à
Reuters fontes do governo.
Ministros
petistas questionaram o vice-presidente, Michel Temer, sobre as informações de
que o congresso, mesmo sem ter poder para tomar a decisão de rompimento com o
governo, poderia marcar o início deste afastamento. Nas conversas, Temer
afirmou que o encontro será para discutir um programa para o país, que poderia
ser debatido com o governo Dilma e, se as ideias peemedebistas não forem
adotadas, podem ser um programa de governo do partido para 2018.
Temer
disse ainda, em conversa com os ministros, que a ala que pede a saída do PMDB
do governo é minoritária, mas que deve fazer barulho durante o encontro.
Fontes
do partido ouvidas pela Reuters informaram, no entanto, que o PMDB realmente
inicia um processo de desembarque do governo, mesmo tendo recebido sete pastas
na reforma ministerial feita pela presidente em setembro deste ano. A
insatisfação pelo que veem como uma traição a Temer levou uma ala importante do
partido a se afastar do Planalto.
Mas,
diz uma fonte, esse é um trabalho silencioso, ao contrário do grupo que deve
pregar, nesta terça-feira, a saída do governo, apresentando moções que devem
ser votadas em plenária, mas não tem força legal dentro do partido.
“Ainda
é um seguimento minoritário dentro do partido. O PMDB é um partido com abertura
total e nós vamos ter manifestações das mais variadas. O que a direção da sigla
tem de ter é habilidade e competência suficientes para aferir qual é a vontade
majoritária do partido”, disse o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, ao
sair da reunião de coordenação política, na manhã desta segunda.
Boa
parte da reforma ministerial feita por Dilma foi para tentar acomodar o PMDB,
maior partido no Congresso Nacional e de quem o Palácio do Planalto depende
para aprovar qualquer medida.
Ainda
assim, os peemedebistas ouvidos pela Reuters avaliam que a aliança com o PT se
esgotou e preparam um distanciamento, já de olho nas eleições municipais de
2016, mas principalmente pela decisão de lançar uma candidatura própria à Presidência
em 2018.
Na
noite desta segunda-feira, Temer jantará na casa da senadora Marta Suplicy
(PMDB-SP), uma das maiores defensoras da saída do partido do governo.
Ex-petista, Marta quer concorrer à prefeitura de São Paulo contra o atual
prefeito, Fernando Haddad (PT), que é apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Marta tem para isso apoio de Temer.
Há
cerca de duas semanas, o partido divulgou o documento, “Uma ponte para o
futuro”, em que apresenta propostas econômicas que claramente delimitam a
distância entre o PMDB e o PT. Entre as ideias, a desvinculação do aumento do
salário mínimo do crescimento do Produto Interno Bruto e a possibilidade de
convenções coletivas se sobreporem à legislação trabalhista.
O
documento, que será debatido pelo partido na manhã de terça-feira, seria a base
de um futuro programa de governo peemedebista. Fonte: Brasil 247.