Caminhoneiros promovem
nesta segunda-feira (9) protesto com bloqueio em algumas rodovias do país. Os
manifestantes, convocados pelas redes sociais pelo Comando Nacional do
Transporte, criticam o governo de Dilma Rousseff e pedem o afastamento da
presidenta. De acordo com o movimento, o Estado da Paraíba não foi incluído no
roteiro de manifestações, que já atingem São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, no Tocantins, Paraná, em Santa Catarina, no Rio
Grande do Sul, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e em Pernambuco.
Segundo um dos líderes
do movimento no Rio Grande do Sul, Fábio Roque, o grupo não é ligado a
sindicatos ou federações. “Somos apartidários e sem cunho político. Nós lutamos
pela salvação do país, e isso só será feito a partir da deposição da
[presidenta] Dilma, seja por renúncia ou por impeachment”, disse à Agência
Brasil.
“Muitos caminhoneiros
não estão na rodovia, mas parados em casa”, disse Roque. “Nossa preocupação é
com o risco de pessoas contrárias ao nosso movimento usar de má fé e atentar
contra a vida de pais de família”, acrescentou.
Até o final desta manhã,
a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou não ter registrado grandes
problemas nas rodovias em função do protesto. O órgão deve divulgar no final do
dia um balanço com locais onde
houve interdição.
Entidades da categoria
divulgaram notas em que criticam o protesto. Por meio de
nota, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) classificou
como imoral “qualquer mobilização que se utiliza da boa fé dos caminhoneiros
autônomos para promover o caos no país e pressionar o governo em prol de
interesses políticos ou particulares, que nada têm a ver com os problemas da
categoria”. A entidade disse não poder admitir que “pessoas estranhas, sem
histórico algum de representação da categoria, utilizem-se do respeito que o
caminhoneiro conquistou junto à opinião pública pela força e importância que
exercem na economia do país”, e que paralisações, greves e protestos são
legítimos desde que organizados por entidades sindicais com prerrogativa legal,
e deflagradas por meio de deliberação em assembleia geral.
A Confederação Nacional
dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), entidade filiada à
Central Única dos Trabalhadores (CUT), disse que os caminhoneiros estão sendo
usados em prol de interesses políticos, e que o grupo não representa e não tem
compromisso com a categoria. “Os caminhoneiros não precisam de mobilização para
derrubar governo. Os caminhoneiros precisam de mobilização para regulamentar
frete e preço de frete, para melhorar as condições de trabalho como pontos de
parada com estrutura adequada, confortável e segura para atender suas
necessidades. Quem realmente representa os interesses da categoria está
trabalhando e lutando para concretizar as reivindicações dos caminhoneiros”, disse
a entidade por meio de nota.
Fábio Roque rebateu as
críticas das entidades. “A crítica que eles fazem ao nosso movimento é a prova
de que eles estão do lado do governo e, por isso, não têm credibilidade com a
classe”.
Entorno do Distrito Federal: Pouco antes do meio-dia, um grupo de caminhoneiros interditou trecho BR-040 nos arredores de Valparaíso de Goiás, cidade localizada no Entorno do Distrito Federal. Os manifestantes queimaram pneus e bloquearam a passagem de outros caminhoneiros. Com a chegada dos bombeiros e da PRF, o incêndio foi apagado e a via, liberada.
São Paulo: Em São Paulo, os
caminhoneiros ocupam, neste momento, três faixas da pista expressa da Marginal
Tietê, no sentido Rodovia Ayrton Senna. De acordo com a Companhia de Engenharia
de Tráfego (CET), por volta das 13h, o comboio estava na altura da Ponte Jânio
Quadros, no bairro Vila Maria, zona leste paulistana. Iniciado por volta das
11h, o protesto provocou lentidão de 15 quilômetros (km) na Tietê, da Ponte dos
Remédios ao Arco da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp).
Um vídeo publicado na
página do Facebook do Comando Nacional do Transporte, grupo que convocou os
protestos, mostra uma fila de caminhões fazendo buzinaço. Nos para-brisas dos
veículos, estão escritas mensagens que pedem a saída da presidenta Dilma
Rousseff. “Seu governo não tem mais legitimidade. O seu partido provocou a
destruição do Brasil”, diz a mensagem do comando na mesma rede social. Não
foram identificadas nas postagens as reivindicações especificamente para a
categoria.
Governo: O ministro da
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva,
disse que os caminhoneiros em greve não apresentaram uma pauta de
reivindicações e que a paralisação tem como objetivo o desgaste político do
governo.
Segundo ele, o governo
da presidenta Dilma Rousseff respeita as manifestações e está aberto ao
diálogo, mas não recebeu uma pauta para negociação. “No nosso entender, essa é
uma greve que atinge pontualmente algumas regiões do país e, infelizmente, um
movimento que tem se caracterizado com uma aspiração única de desgaste político
do governo. Se tivermos uma pauta de reivindicação, como tivemos em outros
momentos, o governo sempre estará aberto ao diálogo. Agora, uma greve que se
caracteriza com o único objetivo de gerar desgaste ao governo, ela vai de
encontro aos interesses da sociedade brasileira”, disse Edinho Silva em
entrevista no Palácio do Planalto. Fonte Portal
Wscom Online.
