247 – A equação do impeachment
se tornou mais delicada para o Palácio do Planalto, nesta quarta-feira 16, que
vinha sendo considerada uma espécie de Dia D da guerra política que paralisa o
País.
O primeiro motivo: no Supremo Tribunal Federal, o
ministro Luiz Fachin validou o rito do impeachment definido por Cunha, no que
deve ser seguido pelos demais ministros da corte.
O segundo: logo após o encerramento da sessão no
STF, foi revelada a informação de que o procurador-geral Rodrigo Janot pediu à
corte o afastamento imediato de Cunha não apenas da presidência da Câmara, como
também do cargo de parlamentar. A procuradoria-geral divulgou ainda que Cunha
recebeu R$ 52 milhões em contas na Suíça e em Israel, pagos por empreiteiras.
Embora a queda de Cunha seja uma aparente vitória
do governo e dos movimentos sociais que pediram sua cabeça nesta quarta-feira,
a presença do parlamentar na presidência da Câmara era também um estorvo para a
oposição. Isso porque, com sua avalanche de denúncias, ele contaminava o
processo – não por acaso, os protestos pró-impeachment do último domingo foram
um retumbante fracasso de público e de crítica.
Aliás, como Cunha contamina o impeachment, os
dois maiores empresários de comunicação do País, João Roberto Marinho, da
Globo, e Otávio Frias Filho, da Folha, exigiram, em editoriais publicados no
último fim de semana, sua saída imediata do cargo.
O sonho da oposição é poder legitimar o processo
de impeachment, que vem sendo articulado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) e
pelo vice Michel Temer, com a Câmara sob nova direção – de preferência, sob o
comando do deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).
Nesta quarta-feira, o rito de Cunha começou a ser
legitimado. E como Cunha perdeu a serventia, pode ser rapidamente descartado
pelos articuladores do impeachment. Fonte: Brasil 247.