Figuras
humanas, animais e formas geométricas foram desenhados no solo há mais de mil
anos; cientista descarta intervenção alienígena.
Criados há milhares de anos, os geoglifos —
grandes figuras feitas no chão por povos antigos — do deserto do Atacama, no
Chile, são um dos mistérios da humanidade. Durante séculos especulou-se sobre
qual é a origem das marcações, como eles teriam sido feitos – uma vez que a
figura, na maioria das vezes, só é avistada de cima – e até mesmo sobre
possíveis intervenções extraterrestres.
Um pesquisador, especialista em geoglifos, no
entanto, garante que as mais de 500 imagens não são nem obra de ETs, nem de
fenícios em suas jornadas épicas, como já chegou a ser cogitado.
Em entrevista exclusiva à Agência Efe em
espanhol, o arqueólogo chileno Gonzalo Pimentel, que estuda há anos as
figuras do deserto, afirma que as intervenções estão “muito mais relacionadas
com a natureza humana do que muitos querem acreditar”. De acordo com ele,
trata-se de um “tipo de arte rupestre vinculada às antigas rotas de caravanas
que os viajantes deixavam como marca de sua passagem e identidade”.
As figuras, características do mundo
pré-colombiano andino, foram gravadas principalmente no primeiro milênio de
nossa era e têm entre 10 e 300 metros, estando localizadas entre as cidades de
Antofogasta e Arica.
Para criar tais figuras, os indígenas “desenhavam
sobre o solo, seja tirando as pedras superficiais escuras para deixar à vista a
areia mais clara, seja amontoando as pedras com o objetivo de formar um
contraste que permitisse distinguir a imagem de fundo”, esclareceu Pimentel.
Ainda segundo o especialista, losangos, cruzes
andinas e figuras humanas com túnicas e ferramentas representadas nas imagens,
correspondem à visão do mundo, cosmovisão e imaginário coletivo de dezenas de
gerações de andinos.
Os geoglifos mais conhecidos do mundo são as
linhas de Nazca, no Peru – distante 2.300 quilômetros do Atacama -, designados
como Patrimônio Mundial pela Unesco em 1994. Eles foram criados pela civilização
de Nazca entre 400 e 650 d.C. A área que abrange as linhas é de cerca de 500
quilômetros quadrados e os maiores desenhos podem abranger cerca de 270 metros.
Fonte:
Opera Mundi (publicada em 31/12/2014).