A tradicional Festa da Luz,
celebrada anualmente em Guarabira, vem de muitos anos conforme nos anuncia em
“Guarabira Através dos Tempos” (1955), o historiador e escritor Cleodon Coelho.
Ai ele se reporta às de 1901-1906 e sinaliza para o fato de que já se projetavam
como evento importante não apenas para o nosso povo que desejava se fortalecer
na fé, mas para outros habitantes de municípios mais distantes que ali
encontravam razão para estreitamento dos laços familiares e reencontro com
amigos.
A procissão seguida de grande
número de pessoas se iniciava à porta da igreja matriz e à caminhada, alegrava
as ruas e os católicos graças aos andores amplamente enfeitados de flores
coloridas e perfumadas, enquanto banda de música tocava hinos sempre
acompanhados pelas vozes dos devotos da Virgem da Luz. Disputavam aplausos dos
que não podendo ir ao encontro da Mãe de Jesus na sua igreja, permaneciam em
casa com varandas e janelas ornamentadas por flores e lençóis bordados,
deslumbrando a todos os caminhantes.
A chegada da imagem da Virgem da
Luz a Guarabira, teria se dado, conforme relato do monsenhor Emiliano de Cristo
em “Reminiscências de Guarabira (Síntese)” (1964), pelas mãos de José Rodrigues
Gonçalves da Costa, vindo da cidade de Beiriz em Portugal, fugindo de sua terra
onde acontecera um grande terremoto que somente em Lisboa matara mais de 40 mil
pessoas. E encontrando aqui um lugar pacífico e livre de cataclismo, fixou
residência e construiu capela para orago de Nossa Senhora da Luz, de quem era
devoto. Ai se iniciaria uma história de profundo amor entre os guarabirenses e
a Mãe de Jesus, durando até hoje, na qualidade de Padroeira desta terra e
protetora da Diocese.
A chamada festa profana vivida noite
a noite pela população se dividia entre pavilhão administrado por senhoras da
sociedade, e aquela de caráter mais popular que se espalhava pelas ruas e
praças através de parque de diversão, barracas de brindes e prendas, bancas de
comidas típicas cujo espaço passaria aos tempos atuais como “Pilõezinhos”, etc.
A noite se fazia mais sentimental
à medida que o locutor de parque em voz empostada e forte, oferecia a alguém em
plena festa, músicas românticas a pedido de algum apaixonado. Era a voz do
coração enchendo as noites e procurando tocar o sentimento da pessoa amada.
Quantos namoros e casamentos nasceram desse serviço sentimental.
O pavilhão era o mais contemplado
espaço das noites festivas, pois ali a sociedade local e de outras cidades
paraibanas, principalmente medalhões políticos do Estado, se faziam sempre
presentes degustando bebidas finas, pratos adquiridos a preço de leilão interno
e trocando conversações com amigos e admiradores. As mesas eram atendidas por
belas senhoritas que aqui e acolá, também atendiam aos mais jovens e conduziam
seus telegramas e mensagens àqueles da sua simpatia. A dança corria solta
graças aos casais que ocupavam espaço próprio. Era preciso viver o momento,
pois, afinal, Festa da Luz só de ano em ano.
O passar dos anos modernizou esse
evento e o tornou cada vez maior de forma que não era mais possível estar nas
ruas centrais sem causar incômodos e transtornos diversos aos residentes na
área. A partir do adro da igreja matriz avançou pela cidade e chegou ao bairro
Novo onde palcos Luz e do Brega recebiam cantores noite a noite.
Hoje essa importante e
tradicional Festa da Luz, cuja novena se inicia neste sábado, 23, vive novos
momentos, instalada totalmente desde 2015, às margens da PB 073, no Parque do
Poeta Ronaldo Cunha Lima, trecho compreendido entre Guarabira-Pirpirituba.
Sejam a partir de agora todos bem
vindos a Guarabira, pois a Festa da Luz de rua vai começar no próximo dia 29 e
vivam todos uma boa e grande festa.