Por Leonardo Attuch (Jornalista e editor
responsável pelo 247, além de colunistas das revistas Istoé e Nordeste).
Do pacote anunciado na volta do ‘Conselhão’ pelo
ministro Nelson Barbosa, que contempla estímulos de R$ 83 bilhões ao crédito,
duas medidas envolvem recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – um
dinheiro que pertence, portanto, aos trabalhadores.
Uma delas prevê a agilização de operações por
meio do FI-FGTS, um fundo destinado a financiar obras de infraestrutura. Com
isso, o governo espera destravar R$ 22 bilhões. A outra medida autoriza cada
trabalhador a usar até 10% de seu fundo como garantia em empréstimos
consignados, em que os juros são menores. Pelas contas do governo, isso traria
mais R$ 17 bilhões.
Embora tenham um objetivo comum, que é destravar
o crédito e estimular a economia, as duas medidas são conceitualmente opostas.
A primeira reforça o “capitalismo de Estado” brasileiro, ao concentrar nas mãos
de burocratas a destinação de bilhões em recursos subsidiados – basta lembrar
que o FGTS é uma poupança compulsória, que rende apenas 3% ao ano para o
trabalhador. A segunda valoriza a liberdade, ao permitir que o trabalhador
decida o que fazer com recursos que são seus.
Sobre a primeira medida, seria importante, antes,
avaliar os resultados dos investimentos até agora feitos com o FI-FGTS. No
passado recente, a gestão desses recursos foi controlada como um feudo pelo
PMDB, com resultados pouco transparentes. Basta notar que o FI-FGTS investiu em
projetos problemáticos como os do grupo Rede, que se tornou insolvente, e da
LLX, de Eike Batista. E ninguém sabe ao certo qual foi o efetivo retorno para
os trabalhadores dessas escolhas.
Em relação à segunda medida, ela é digna de
aplausos. Afinal, é melhor que cada trabalhador seja responsável pelo que fizer
com seus próprios recursos. Se decidir gastar 10% de sua poupança futura no
presente, que o faça. O ideal seria até colocar mais dinheiro bolso dos seus
verdadeiros donos. Fonte: Brasil 247.