247 - O juiz Sérgio Moro,
responsável pelos processos da Operação Lava Jato, criticou a defesa dos réus
na sentença em que condenou o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada. De acordo
com ele, os advogados apresentam inúmeros pedidos de produção de prova para
atrasar o fim da ação penal.
Em entrevista publicada nesta segunda-feira 1º
pela jornalista Sonia Racy, Moro foi criticado pelo criminalista Antonio
Cláudio Mariz. "Tenho às vezes a impressão de que ele já tem uma ideia
preconcebida em relação à culpabilidade de alguém", disse.
O advogado, que assina o manifesto contra a
condução da operação, diz que o juiz é bem preparado tecnicamente, mas reclama
que ele não dá ao direito de defesa a relevância que este tem.
Abaixo, reportagem da Agência Brasil:
Juiz Sérgio Moro diz que advogados da
Lava Jato abusam do direito de defesa
André Richter – O juiz federal Sergio Moro
afirmou hoje (1º) que alguns advogados que atuam na Operação Lava Jato abusam
do direito de defesa.
A crítica do juiz está na sentença na qual ele
condenou o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Jorge Zelada a 12 anos
e dois meses de prisão pelos crimes de corrução passiva e lavagem de dinheiro,
além de multa.
De acordo com o juiz, os advogados apresentam
inúmeros pedidos de produção de prova para atrasar o fim da ação penal.
Moro disse que os advogados de Zelada alegaram
cerceamento de defesa pelo indeferimento da oitiva de uma testemunha que mora
nos Estados Unidos. Segundo o magistrado, os Estados Unidos só cumprem acordos
de cooperação quando as testemunhas são arroladas pela acusação. Para Moro, se
há um obstáculo imposto pela Justiça americana, e não pela brasileira, não há
cerceamento de defesa.
Sérgio Moro ressalta que os advogados do
ex-diretor da Petrobras não esclareceram a origem de 11,5 milhões de euros
encontrados em contas não declaradas por Zelada no exterior, mas apresentou
inúmeros requerimentos para retardar o fim do processo.
"No processo ou fora dele, em manifestos ou
entrevistas a jornais, reclamam da condução do processo, imaginando uma
fantasiosa perseguição aos seus clientes, sem, porém, refutar as provas
apresentadas pela acusação, e não só as declarações dos colaboradores, mas a
prova documental que, em geral, as acompanha, como no caso a prova documental
da fortuna mantida em segredo pelo acusado Jorge Luiz Zelada no exterior",
argumentou Moro.
No mês passado, mais de 100 advogados publicaram,
em diversos jornais do país, uma carta aberta na qual criticaram a condução da
Operação Lava Jato. Para os advogados, a investigação desrespeita os direitos e
garantias fundamentais dos acusados. Fonte: Brasil 247.