Nos próximos
35 anos, as mudanças climáticas reduzirão a produtividade da agricultura no
planeta, fazendo com que a disponibilidade de comida por pessoa caia de 2% a 3%
no mundo todo. O resultado são 529 mil mortes até 2050, a maioria na China e em
outros países asiáticos. No Brasil serão cerca de 4.000 mortes adicionais.
Os
resultados são de um estudo publicado na quarta-feira (2) no periódico médico The
Lancet, a mesma publicação que no ano passado havia chamado a mudança climática
de “a maior ameaça à saúde deste século”. A nova pesquisa, feita por
um grupo do Reino Unido, analisou 155 países e modelou em computador o que
aconteceria com a produção de alimentos, o comércio internacional e o consumo
em diferentes cenários de emissão de gases de efeito estufa.
Sua
principal conclusão é que o aquecimento global cortará em um terço o número de
mortes por desnutrição e má alimentação que seriam evitadas naturalmente pelas
melhoras na produtividade e na distribuição de comida nas próximas décadas.
Segundo os
pesquisadores, liderados por Marco Springmann, do Programa Oxford Martin sobre
o Futuro da Alimentação, a maior parte das mortes será decorrência da redução
no consumo de frutas, verduras e legumes, não de desnutrição pura e simples.
Por outro lado, foi visto efeito positivo da mudança do clima na redução global
da obesidade e na redução do consumo de carne vermelha – que, no entanto, são
mais do que compensado pelos dois fatores negativos.
Springmann e
colegas afirmam que a adoção de trajetórias de redução de emissões poderia
evitar até 71% dessas mortes adicionais. Fonte: Pragmatismo Político.