Sabe-se que desde o princípio da formação das
sociedades, alguns dos detentores do poder em todos os âmbitos como social,
político, religioso e econômico, tiveram tendências a corromper e a serem
corrompidos. A inconformação com o ter, parece ter sido uma companheira
constante na mentalidade de tantos poderosos. E a História tem registrado e mostrado
milhares de fatos dessa natureza, acolhidos por quem já é bem sucedido. Parece
que não tinham o quê ou a quem temer, como se estivessem fechados numa redoma
instransponível.
As fraudes contra o povo, e nunca foram poucas,
atravessaram os séculos chegando aos momentos atuais, surpreendendo cada dia
mais à grande classe de trabalhadores a quem se cobra tantos impostos e não se
lhe devolve saúde, educação, segurança e tantos outros benefícios naturais ao
desenvolvimento humano. Era preciso que um dia, alguém ou alguma instituição
séria neste país, desse sinal de que estava acordado e ciente dos seus deveres
de cidadania para tomar a si a responsabilidade de querer passar o Brasil a
limpo, desde que se lhe tivesse caído no colo documentação capaz de lhe dar
embasamento para descobrir uma verdadeira rede de corruptos e corrompidos,
poderosos ou não. Aplicar-se-ia a partir daí a máxima popular de que “o pau que
dá em Chico dá em Francisco.”
É verdadeiramente surpreendente ter se escutado
vozes de pretendentes à cessação de
ações investigativas de escândalos políticos e financeiros no Brasil – e
por ai afora também acontecem reações semelhantes, isso não é um privilégio
brasileio – enquanto em outros momentos se pronunciam contrários à frouxidão da
lei brasileira que a seu ver protege bandidos sem gravatas concedendo-lhes
benefícios legais. Não há ai um contrassenso quando se movimentam por amenizar
certas investigações sobre corruptos e cumprimento de penas mais severas por
parte de marginais mais pobres? Ué, dois pesos e duas medidas?
A punição ou condenação do representante da
Odebrecht, anunciada amplamente pela imprensa nacional e internacional, de
acordo com o que se apurou, foi justa e se precisa agora recuperar dele tudo
aquilo que retirou do país através de desvios de dinheiro para o cumprimento do
pagamento de tanta propina. E que todos os outros culpados, políticos ou não,
continuem sendo investigados e punidos na mesma medida. Isso é o que a
sociedade deve exigir nos lares e nas praças públicas.