Minas 247 - Em delação premiada assinada com o
Ministério Público (MP-MG), o executivo português Firmino Rocha afirmou
que a empresa em que trabalhava pagou propina ao ex-presidente do PSDB de Minas
e aliado do senador Aécio Neves, Nárcio Rodrigues, que teve decretada prisão
temporária, de cinco dias, nesta segunda-feira (30), na operação
"Aequalis". De acordo com o delator, o suborno teve valor de cerca de
R$ 1,5 milhão e parte dele foi destinado ao financiamento ilegal de campanhas
eleitorais. Segundo a Controladoria-Geral de Minas Gerais, os equipamentos
foram comprados sem licitação e com superfaturamento de R$ 3,8 milhões. Apesar
de terem sido pagos, os equipamentos não teriam sido entregues, gerando
prejuízo de R$ 8 milhões ao governo mineiro.
Rodrigues,
que na época, ocupava o cargo de secretário estadual de Ciência e Tecnologia do
governo do atual senador Antonio Anastasia (PSDB), disse a propina teve
origem em contrato superfaturado de venda de equipamentos para o centro de
pesquisa mineiro "Cidade das Águas", e parte foi remetida ao paraíso
fiscal de Hong Kong em 2014. A auditoria apontou a aquisição do material para o
laboratório da "Cidade das Águas" foi montada de maneira que uma
empresa do grupo Yser, a Biotev, da qual Firmino chegou a ser presidente, fosse
a executora do projeto.
A
empresa teria sido a responsável pela organização da cotação de preços que teve
como vencedora outra companhia do mesmo grupo, a SRN Comercial Importadora e
Exportadora S/A, da qual Firmino também foi diretor. Rodrigues foi um dos
coordenadores políticos das campanhas eleitorais estaduais de Anastasia em 2010
e do tucano Pimenta da Veiga, derrotado no pleito de 2014.
A
operação Aequalis também prendeu Neif Chala, ex-servidor
da
Secretaria de Ciência e Tecnologia; Luciano Lourenço, funcionário da CWP
Engenharia; Alexandre Horta, engenheiro do Departamento de Obras Públicas;
e o português Hugo Alexandre Murcho, diretor Yser e da Biotev.
Outro lado. O PSDB de Minas afirmou, por
meio de assessoria de imprensa, que desconhece detalhes da operação Aequalis
deflagrada na segunda (30) e quem "se houver indícios de irregularidades,
eles devem ser investigados pelos órgãos competentes". Segundo relato da
Folha, o partido ressaltou que "havendo comprovação de crimes" é
necessária punição.
Sobre
a realização do "Complexo das Águas", a sigla informou que foi um projeto
aprovado em 2007 pela Unesco, tendo as obras iniciadas em 2011, paralisadas em
2014 e retomadas este ano.
Quanto
ao ex-deputado Nárcio Rodrigues, o partido reitera que ele "não exerceu
nenhuma função de captação de recursos financeiros junto à direção estadual do
PSDB em campanhas de 2014". A defesa de Firmino Rocha informou que não
iria se manifestar sobre o caso.
Em
manifestações anteriores, Antonio Anastasia disse que defende que
"quaisquer denúncias sejam apuradas pelos órgãos competentes e julgadas na
forma da lei". O tucano disse que só tomou conhecimento sobre a
investigação da Controladoria-Geral e do Ministério Público da obra iniciada na
sua gestão em abril, quando a Folha publicou reportagem sobre o fato. Fonte:
Brasil 247.