Por
Alex Solnik (É jornalista. Já atuou em
publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e
Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu
certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão",
"O domador de sonhos" e "Dragonfly" (lançamento setembro
2016).
Quando
eu soube que o Etchegoyen estava controlando quem entrava e quem saía do
palácio da Alvorada logo desconfiei que a presidente Dilma estava numa espécie
de prisão domiciliar.
São
muitas coincidências, inclusive essa de um general da extrema-direita, filho de
um torturador, tomar conta de uma ex-guerrilheira.
Com
o passar dos dias, minha desconfiança se fortaleceu.
Primeiro
quando cortaram seu cartão-alimentação.
Depois
quando cortaram suas viagens de avião.
Cortaram
seu direito de ir e vir e até o direito de manter a sua equipe.
Tudo
leva a crer que, também, está grampeada.
Ontem
ela própria declarou que vivia numa "prisão dourada".
Tudo
isso mostra o caráter das pessoas que usurparam o poder, lideradas – se é que
se pode chamá-lo de líder – por Michel Temer.
A
cada atitude eles mesmos se desmentem ao tentar provar que não deram golpe e
não são golpistas.
Cada
ato é mais um exemplo de como eles agem: de forma esquiva, autoritária e
desumana.
Como
golpistas que são.
Fazem
de tudo para enfraquecê-la, desmotivá-la, desestruturá-la com o claro objetivo
de que renuncie antes do julgamento final do impeachment, pois não estão
seguros de que terão os 54 votos necessários.
Guardadas
as devidas proporções, usam com ela as mesmas táticas dos torturadores – menos
as torturas explícitas, como eletrochoques, pau-de-arara ou cadeira-do-dragão.
Mas
ela não desiste.
E
a cada golpe que leva parece ficar mais forte em vez de esmorecer.
A
sua biografia se engrandece, enquanto a de Temer se amesquinha.
Mesmo
que ela não volte vai passar para a história como aquela que resistiu.
E
ele, como aquele que traiu, deu golpe e maltratou.
Diz
o ditado que em mulher não se bate nem com uma flor.
Pois
Temer só não bate nela com uma flor.
Fonte:
Brasil 247.