247 – Em julho de 1998, quando as
principais concessionárias de telecomunicações do Brasil foram privatizadas,
uma grande surpresa marcou o leilão da antiga Telemar, que era operadora do Rio
de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Norte e Nordeste. A empresa havia
sido comprada por empresários que chegaram ao leilão sem dinheiro. Um grupo
capitaneado por Sergio Andrade, da Andrade Gutierrez, e Carlos Jereissati, da
La Fonte.
O
grupo havia sido organizado pelo notório Ricardo Sergio de Oliveira, tesoureiro
do PSDB, que, quando flagrado nos famosos "grampos do BNDES", disse
agir "no limite da irresponsabilidade". Embora não tivessem recursos
para comprar a empresa, Andrade e Jereissati foram financiados por fundos de
pensão de empresas estatais e pelo BNDES. Pouco tempo depois, foram chamados de
"telegangue" pelo então ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros.
No
entanto, graças aos grampos do BNDES, Mendonça de Barros foi derrubado e os
sócios privados da Oi continuaram à frente da empresa. Quando veio o governo
Lula, as disputas societárias nas telecomunicações abriram espaço para a
criação de uma "supertele nacional", unindo a Oi à Brasil Telecom,
que era concessionária no Centro-Oeste e na Região Sul. Com isso, o polêmico Daniel
Dantas, que controlava a Brasil Telecom, foi afastado, recebendo um valor
aproximado de R$ 1 bilhão para sair do setor.
Em
seguida, a Oi tentou se viabilizar unindo-se à Portugal Telecom – uma operação
que também fracassou depois que eclodiram escândalos no grupo Espírito Santo,
que controlava a companhia portuguesa.
Nesta
segunda-feira, aquela que deveria ser a empresa brasileira capaz de rivalizar
com as duas principais potências telefônicas da América Latina – a espanhola
Telefônica e a mexicana Telmex – entrou em colapso ao anunciar seu pedido de
recuperação judicial, o maior da história do País, que deixa um calote de R$ 65
bilhões a ser dividido entre bancos públicos e privados.
Leia,
abaixo, reportagem da Reuters a respeito:
APÓS
FRACASSO EM NEGOCIAÇÃO COM CREDORES, OI PEDE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Por
Aluísio Alves
SÃO
PAULO (Reuters) - A Oi anunciou nesta segunda-feira que deu entrada em um
pedido de recuperação judicial, após fracasso nas negociações com detentores de
bônus para tentar reestruturar de forma organizada dívidas de cerca de 65
bilhões de reais.
Em
fato relevante, a maior concessionária de telecomunicações do Brasil afirmou
que a medida visa, entre outros objetivos, proteger o caixa das empresas do
grupo.
O
pedido vem após a Oi ter anunciado na última sexta-feira que ainda não havia
obtido acordo com detentores de bônus para uma reestruturação financeira,
conversa intermediada pela Moelis & Company. Segundo a Oi, 60 por cento de
seus recebíveis estavam penhorados a bancos brasileiros.
"Considerando
os desafios decorrentes da situação econômico-financeira das empresas Oi à luz
do cronograma de vencimento de suas dívidas financeiras, ameaças ao caixa das
empresas com iminentes penhoras ou bloqueios em processos judiciais, e tendo em
vista a urgência na adoção de medidas de proteção das empresas, a companhia
julgou que a apresentação do pedido de recuperação judicial seria a medida mais
adequada neste momento", diz trecho do documento.
O
pedido de recuperação acontece dias após o presidente-executivo da Oi Bayard
Gontijo ter renunciado à presidência da operadora, em meio a discordâncias com
sócios portugueses do grupo sobre a forma de reestruturação financeira da
companhia.
"O
pedido de recuperação foi ajuizado em razão dos obstáculos enfrentados pela administração
para encontrar uma alternativa viável junto aos seus credores", afirmou a
Oi.
Segundo
a Oi, as atividades operacionais seguirão normalmente e não haverá demissões.
Além disso, o foco em investimentos para melhora de qualidade dos serviços será
mantido, assim como as metas operacionais para 2016.
O
pedido de recuperação judicial será deliberado em assembleia geral de
acionistas. A empresa não informou para quando elas estão previstas. Fonte:
Brasil 247.