247 – Com seu chapéu de couro, tipicamente
nordestino, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, clicado pelas lentes de
Ricardo Stuckert, prepara, passo a passo, seu retorno ao Palácio do Planalto.
Seja em 2018, ou até antes, caso o calendário eleitoral seja antecipado em
razão da crise política.
Lula
iniciou seu périplo nordestino por Juazeiro, a cidade natal de João Gilberto,
na Bahia, onde não poderia ter sido mais explícito sobre suas reais
intenções. "Agora eles estão tentando desmontar programas sociais,
criar as condições para vender a Petrobras, o Banco do Brasil... Esse filme já
vimos. O PT tem quadros muito bons e eu não preciso voltar. Agora, se o governo
que está aí não sabe governar e precisa vender patrimônio público, eu digo: se
vocês não sabem, eu sei", afirmou.
Coincidentemente,
o Nordeste é a região onde o governo interino de Michel Temer é mais rejeitado.
E Lula sabe bem que o programa que vem sendo implementado, que prevê cortes de
programas sociais e privatizações, não foi referendado pelas urnas. Sem falar
na proposta de emenda constitucional que fixa um teto para gastos públicos e
atinge, essencialmente, os mais pobres. "Eu dizia: se você quer
acabar com a fome do seu país, não tem outro jeito: você precisa incluir o
pobre no orçamento. Seria impossível esse país chegar onde chegou se não fossem
vocês", afirmou o ex-presidente.
Da Bahia a Pernambuco. De Juazeiro, Lula viajou a Petrolina
e depois a Carpina, duas cidades pernambucanas onde foi tratado como rei. De
lá, segue para Caruaru e depois a Recife. Numa de suas falas, ele voltou a
bater duro na agenda de retrocessos sociais do interino. "Se eles
quiserem reduzir os direitos do povo brasileiro a pó, eu digo: Não me provoquem,
porque eu posso voltar e ser candidato em 2018."
Lula
candidatíssimo e, por isso mesmo, seus adversários trabalham para transformá-lo
em ficha suja. Isso passa por uma eventual condenação em Curitiba, onde Lula
poderá ser julgado pelo juiz Sergio Moro, e depois em segunda instância. O
ex-presidente, no entanto, se mostrou despreocupado. "Todo dia alguém
diz que vai falar o nome do Lula. Estão há dois anos investigando e duvido que
se ache um empresário a quem eu pedi R$ 10", afirmou. Segundo ele, as
investigações o incomodam "como uma coceira. Já teve carrapato?",
questionou. Fonte: Brasil 247.