Paulo Victor Chagas - Repórter da
Agência Brasil
O
ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse hoje (6) que o governo está à
procura de um nome que possua "histórico de diálogo" com as
comunidades indígenas para presidir a Fundação Nacional do Índio (Funai) e
descartou a indicação de um militar para o posto.
O
governo estuda uma lista de indicações, algumas feitas inclusive por indígenas,
para que o escolhido seja capaz de acelerar as pendências do setor quanto a
demarcações e mandados de segurança para trazer "tranquilidade" às
comunidades.
Um
dos indicados para presidir a Funai foi o general Sebastião Robero Peternelli,
por sugestão do PSC. No entanto, Moraes adiantou que o militar não será o
escolhido. "Não será ele o presidente da Funai. Nós já estamos em
negociação com outro tipo de perfil, que já tenha histórico de diálogo com
todas comunidades indígenas", ponderou o ministro.
Moraes
e outros integrantes do governo receberam nesta tarde, no Palácio do Planalto,
seis representantes das etnias Tumbalalá, Tupinambá e Pataxó, da Bahia, após um
protesto dos indígenas em Brasília.
De
acordo com o cacique Aruã-Pataxó, o governo assumiu o compromisso de não nomear
um militar para o cargo. "A gente passou tempos de horrores na ditadura
militar, quando vários indígenas foram assassinados", lembrou. Segundo
ele, os ministros também se comprometeram a não cortar cerca de 100 cargos na
Funai que estavam ameaçados, e a demarcar as terras indígenas de Barra Velha,
Tupinambá de Olivença e Tumbalalá.
Segundo
o cacique Pataxó, as comunidades vêm "sofrendo na pele" a falta de
decisão política referente às questões indígenas. "A gente espera que haja
um diálogo franco com o novo governo para resolver os problemas, e não enrolar
a gente mais uma vez", disse o indígena a jornalistas, após o encontro.
Presidente indígena. Para o ministro da Justiça, a
indicação de um indígena para a presidência da Funai esbarra na diversidade dos
povos. "Até agora os nomes indicados pelas comunidades indígenas acabam
parando neste obstáculo: a falta de um diálogo maior com todas as comunidades
indígenas. Isso pode levar a um acirramento na demarcação."
À
Agência Brasil, porém, o cacique Aruã-Pataxó disse que é possível sim chegar a
um acordo entre os povos para indicação de um índio para o comando da
instituição. "Acho que é possível as etnias chegarem ao consenso sobre o
nome de um indígena para ocupar o cargo, desde que tenha perfil técnico,
conhecimento na área, compromisso com a causa indígena e currículo em gestão
pública." Fonte: Brasil 247.