quinta-feira, 25 de agosto de 2016

MORO CONTRARIA MP E DEVOLVE PASSAPORTE DA MULHER DE CUNHA

Os procuradores da República, que atuam sob as ordens do juiz Sergio Moro, haviam se posicionado de forma contrária ao pedido de devolução do passaporte por temerem que ela pudesse fugir do país
Por Redação – de Brasília e Curitiba
O juiz federal Sérgio Moro contrariou a posição do Ministério Público Federal (MPF) e determinou, nesta quinta-feira, a devolução do passaporte da jornalista Cláudia Cruz, mulher do deputado afastado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por formação de quadrilha e evasão de divisas, entre outros crimes. Os dois são réus sob acusação de receberem dinheiro de propina do esquema da Petrobras em contas não declaradas no exterior.

Os procuradores da República que atuam na Operação Lava Jato haviam se posicionado de forma contrária ao pedido de devolução do passaporte por temerem que ela pudesse fugir do país. Para o MP, porém, existe “real possibilidade” de que ela e outros familiares ainda tenham contas no exterior e o “risco concreto de eventual fuga e utilização de ativos secretos ainda não bloqueados”. Segundo Moro, “foi iniciativa da própria defesa o depósito do passaporte em Juízo”. E “de todo modo, não foi decretado por este Juízo medida cautelar de proibição para que Cláudia Cordeiro Cruz deixe o país”.
“Considerando ainda o papel subsidiário da acusada no suposto esquema criminoso, não vislumbro razões concretas para estabelecer tal proibição, reputando remota o risco à aplicação da lei penal especificamente quanto a ela”, destacou o magistrado. “Assim, autorizo a devolução do passaporte de Cláudia Cordeiro Cruz à Defesa, mediante termo”, acrescentou Moro.
Moro versus Janot. A atitude do juiz Sergio Moro de arrefecer o rigor legal contra Cunha e seus cúmplices, enquanto arrocha os suspeitos que integram o PT, tem gerado uma série de conflitos velados no Poder Judiciário. Por sua vez, o governo do presidente de facto, Michel Temer, tem acompanhado de perto a crise entre o MPF e o STF. Chegou ao conhecimento do grupo que, atualmente, ocupa o Palácio do Planalto, segundo adiantou fonte à reportagem do Correio do Brasil, que investigadores da Lava Jato têm, na alça de mira, assessores do ministro Dias Toffoli e de outros dois magistrados da corte.
Ainda segundo a fonte, procuradores ligados a Rodrigo Janot, em Brasília, posicionam-se contrários ao grupo de Curitiba, coordenados por Sergio Moro. O confronto estaria na origem do vazamento da informação de que Dias Toffoli aparecia nas tratativas de delação premiada da empreiteira OAS. O grupo de Janot seria contrário à inclusão do nome de Toffoli na delação, uma vez que informações passadas pela OAS não configurariam qualquer crime.

Versão dos fatos, que circula por Curitiba, aponta na direção de que os promotores do MPF, na Lava Jato, não concordaram que o nome de Toffoli fosse excluído das investigações, na delação da OAS, porque o ministro tem foro privilegiado, e resolveram vazar para a revista semanal de ultradireita Veja, que publicou matéria na sua última edição. Janot, no entanto, trabalharia com a possibilidade de que a empreiteira tenha divulgado dados. Fonte: Correio do Brasil.