O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou,
em suas considerações finais no depoimento ao juiz Sergio Moro, no âmbito do
processo em que é réu e acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões de propinas da
OAS no caso do tríplex no Guarujá, que está sendo julgado, na realidade,
"porque já tinham tese anterior de que o PT era uma organização
criminosa." Lula citou, para justificar seu argumento, o Power Point,
apresentado por promotores do Ministério Público Federal (MPF), em que era
apontado como o principal responsável pelo esquema de corrupção deflagrado pela
Lava Jato.
"Estou sendo vítima da maior caçada política
que um político brasileiro já teve", disse o ex-presidente ao iniciar sua
fala. "Sou julgado pela construção de um Power Point mentiroso, aquilo é
ilação pura", disse, antes de ser interrompido por Moro. O juiz frisou que
o depoimento deveria ter relação com o processo, e não um "discurso
político".
Durante sua fala, Lula reafirma que é vítima de um
processo de criminalização pelo que fez no governo. "Tentam me incriminar,
independentemente de que em 2 anos eu prove minha inocência". Capas de
revistas, assim como volume de matérias positivas e negativas nos jornais,
foram usadas como exemplo deste processo.
Neste momento, Moro questiona se tal processo seria
encampado pela imprensa ou por acusadores. "Falo dos vazamentos que saem
para a imprensa", explicou Lula. Moro, então, salientou que "não é a
imprensa que faz a acusação no processo".
Além disso, Lula afirmou que acreditava merecer
"mais respeito" durante o processo. "Algumas pessoas são
acusadas e ninguém é atacado 10% do que eu sou atacado", declarou. "Quero
que se pare com ilações e digam qual crime eu cometi."
As interrupções se repetem ao longo das
considerações finais, até que o ex-presidente pede para que o julgamento seja
feito apenas com base em provas, e que não seja influenciado por aquilo que é
publicado na imprensa. Fonte: Notícias ao Minuto.