Enquanto o
ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), votava na tarde
desta quarta (4) a favor de habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, o procurador da República Luiz Lessa questionava: "O avião da TAP
já decolou?"
A referência, feita nas redes sociais, é ao voo do ministro a
Portugal, onde ele estava até esta terça (3) e retornou, depois de
votar, para participar de evento jurídico.
Foi uma das inúmeras ironias e críticas de procuradores do
Ministério Público Federal no Twitter a Gilmar durante o seu voto no
julgamento.
Os procuradores têm defendido que seja mantido o posicionamento
da corte a favor da execução de prisões após a tramitação de processos em
segunda instância.
"Vai eu faltar em audiência judicial por causa de
compromisso particular. PAD [processo disciplinar] na certa!", comparou a
procuradora Hayssa Medeiros, da Paraíba.
As críticas começaram logo quando o ministro pediu para
antecipar o voto por causa da viagem. Ele seria o oitavo a falar, mas pediu
para se manifestar depois do relator Edson Fachin e antes da ministra Rosa
Weber, que deve ser o voto definidor no tribunal sobre o caso.
"Gilmar Mendes já tá dando carteirada na ministra
Rosa", disse o procurador de Goiás Wesley Miranda Alves.
Ao votar, ele se justificou de ter modificado o voto porque
considera "uma total injustiça" e criticou a imprensa por expor a
mudança de posição.
"Gilmar passou tanto tempo se defendendo que pareceu que
iria conceder o HC [habeas corpus] em seu favor", disse Fernando Rocha,
procurador da República no Rio Grande do Norte.
Ronaldo Queiroz, procurador regional da República da 1ª região,
alfinetou: "Gilmar Mendes disse que está mudando de posição por conta da
superlotação de pobres nos presídios. Faz isso em consideração aos pobres. Provavelmente
em 2016 essa situação não existia, quando o ministro proferiu voto noutro
sentido."
A votação do Supremo decide sobre o habeas corpus de Lula mas
pode ter influência sobre outras prisões ordenadas após julgamento de segunda
instância.
Os procuradores também fizeram outras referências em
publicações, como à afirmação em rede social do comandante do Exército, general
Eduardo Villas Bôas, de que repudia impunidade.
Helio Telho, do Ministério Público Federal em Goiás postou uma
foto com a imagem de militares em uma mesa olhando para a câmera e sorrindo.
Como legenda, escreveu: "Assistindo à TV Justiça." Com informações da
Folhapress. Fonte: Notícias ao Minuto.