Despedir-se de alguém
que a gente conhece há muitos anos, não é lá coisa muito boa, não. É danado para
nos fazer recordar atitudes pelo viajor tomadas, em favor do ambiente ou de pessoas
com atuação no cotidiano da cidade. E aí, o nosso emocional se abala, não tem
como não acontecer. A gente busca forças num amigo, num conhecido e assim, ameniza
um pouquinho a dor que a tristeza possa nos ter preenchido, cumprindo,
portanto, o dever social, sim.
Mas, quando quem parte é
alguém que nos prende por sentimentos mui fortes de amizade e respeito, e não
tem data marcada de regresso, não faz um aceno, não distribui um aperto de mão
e sequer pronuncia uma palavra de adeus, a situação é por demais delicada. Aí, a
emoção, fera indomada e perigosa que sorrateiramente invade a alma, entristece-nos
o semblante e nos dá conta de que vivemos sem perceber que ao passar dos anos, a
vida foi sendo tomada pela velhice e essa, por determinação Superior, se esvaiu.
Nada mais a fazer. Só
lamento, choro, tristeza e orações. O conhecido ou o amigo partiu definitivamente
e foi viver a vida eterna ao lado de Deus. No caso, foi embora o irmão Jáder
Soares Pimentel.
Fui ver o velho companheiro
Jáder, e o encontrei inerte, de semblante fechado, mãos cruzadas e entrelaçadas
pelo rosário, símbolo maior da religiosidade da família, remontando aos áureos tempos
do coronel João Pimentel, seu avô, lá no Engenho Espinho, nas terras abençoadas
de Cuitegí.
O casarão centenário de
Pimentel e Alda, lá na praça da catedral, onde Jáder repousa inerte no ataúde,
a receber amigos para o último adeus, está triste definitivamente. Nem parece
que ali a alegria foi muito forte e por muitas décadas, por razões como
diplomação universitária de filhos estudiosos ou pelo início e encerramento de passeatas
políticas memoráveis, sob o som metálico de orquestras de Barbalho, Benedito ou
Nicolau, conduzindo pai e filho ao executivo municipal e/ou ao legislativo
estadual.
Isso sem mencionar, que
diversas autoridades políticas estaduais sempre promoviam alegria à casa dos
Pimenteis, recebidas que eram pela fidalguia de dona Alda Soares, quer primeira
dama de Guarabira, quer mãe do político Jáder, ou simplesmente, esposa de Dr.
Pimentel Filho. Essa era a característica desse casarão que agora se faz tão
triste.
Guarabira não tem
alegria ao comemorar 131 anos de emancipação política, pois é forçada a sepultar
no seu mais antigo campo santo, o João Batista, o corpo do fidalgo, do jurista excelente
e do político JÁDER, O ADVOGADO DOS POBRES.
As tribunas políticas
estão mudas, Fóruns e juristas reclamarão a ausência do velho defensor público.
Jáder Pimentel está definitivamente sem ação, está calado. Deus o receba na sua misericórdia,
proporcione-lhe o descanso eterno e promova o seu reencontro com os queridos
familiares que ali já estão há anos.
Guarabira é hoje uma mãe
enlutada.