sexta-feira, 7 de março de 2008

A TRISTEZA MATOU GIVALDO

Ao repicar tristonho dos sinos na igreja matriz, sempre todos acorrem ao centro da cidade, buscando saber as razões que os fazem soar alto, constante e triste. E no domingo, dia 2, nada foi diferente, pois eles anunciavam que alguém havia partido ao encontro de Deus, para morar no reino celestial, certamente sob o amparo do sagrado manto de Maria Santíssima.


Diante disso, pessoas do povo se dirigiram às praças centrais e observaram que a Loja Maçônica “Tiradentes”, sempre solidária na dor e na alegria dos guarabirenses, mantinha suas portas escancaradas à espera dos que a buscassem, para visitar aquele que inerte definitivamente, fora vencido pelo mau da depressão e falecera depois de longo sofrimento: Givaldo Bezerra da Silva. No dia anterior, a tristeza o matara e assim, estava pronto para gozar o descanso eterno.

Num ataúde simples exposto ao centro do salão principal da Loja, o corpo inerte de Givaldo, repousava para sempre, aguardando a última visita dos antigos colegas de trabalho e dos vizinhos da rua prefeito Manoel Lordão, onde residia há alguns anos, por haver procurado no seio da família, um pouquinho de carinho e solidariedade, quando se achou terrivelmente só e por isso muito carente.

Durante mais de trinta anos, esse homem humilde como os familiares, nascido na área rural do Escrivão, serviu à sua terra Guarabira como um grande filho e cidadão, executando todos os serviços dos correios, seu primeiro e único emprego, sem pronunciar uma só queixa. Ali, os colegas conheceram-no bem pela responsabilidade e honestidade com que sempre desenvolveu as mais diversas atividades: balconista, telefonista na transmissão de telegramas, expedidor de malas postais, pagador de valores ao público, entregador de encomendas registradas e com valor declarado, etc. Na área externa, era um verdadeiro herói, pois nunca reclamou das distancias por maiores que fossem e diariamente estava nas ruas, quando substituía algum carteiro, entregando aos mais pobres as cartas, vales postais, telegramas e pequenas encomendas. Não se preocupava se estava chovendo ou fazendo sol. Para ele o importante era executar o trabalho de tal forma, que ninguém o denunciasse por falta de respeito ou por negligência no cumprimento do dever.

Aos sábados, no final do expediente, à praça João Pessoa, o barzinho de dona Dalva e Cãndido recebia os servidores da agencia postal, como a comemorar mais uma semana de trabalho realizada responsavelmente. Nesses momentos, ao som do violão de telegrafistas como Raimundo ou Valdemir, a música corria solta animando os “ecetistas” Givaldo, Tarcísio, Geraldo Barbosa, Fernando, Ednaldo, Geraldo de Cãndido, Adalberto, Martinho, Ednaldo, Maurísio, Luiz e tantos outros.

Depois de conduzido ao cemitério São João Batista, o corpo de Givaldo desceu à sepultura para habitar a última morada, ao lado dos entes mais queridos que ali chegaram mais cedo. E no céu, convictamente o Senhor o aguardou ao lado do seu velho pai Sebastião Bezerra, para juntos celebrarem o reencontro, sob o som das trombetas da orquestra angelical.

Descanse em paz, amigo Givaldo.