Desde os idos de 1950, a nossa terra teve manifestações carnavalescas, nascidas na periferia e no próprio centro da cidade através de pessoas por vezes muito simples, mas bastante alegres, principalmente nesses momentos de Momo. Valia aí o sentimento alegre do folião e os mais pobres sempre se uniam aos de melhor condição econômica.
Desde as primeiras horas da manhã, surgiam troças como a do Urso que amarrado por uma corda, ia de porta em porta pedindo dinheiro para realização da sua festa; homens vestidos de mulheres e maquiados alegravam as ruas tentando agarrar jovens conhecidos seus; outros saíam com os rostos cobertos por máscaras que não permitiam reconhecimento, eram os papangus, metendo medo nas crianças desavisadas e desafiando outros a reconhecê-los.
À tarde, o corso corria solto ao longo da avenida Dom Pedro II, fazendo a volta nas imediações do Mercado Velho e regressando ao centro para assim continuar até o final da tarde, já quase noite. Ai, os veículos de todas as classificações, muitos deles ornamentados com confete, serpentina, máscaras e outros adereços, repletos de foliões, espalhavam animavam a festa das ruas, onde a água e o talco melavam a todos sem distinção alguma. Os automóveis por vezes disputavam o próprio espaço das ruas com foliões como Pierre Xavier, Antonio Galego, Ednou Uchôa, Antonio Moura, Alcemir, Inajá, Walter Porpino, Ruy de Freitas, Anísio Dantas, Tota do Posto, Luis do Parque e tantos outros ao som de orquestra popular composta de Nicolau, Benedito do Cinema, João e Genival Salustiano, Barbalho, Borba, Felinto, etc. Ai não faltavam os índios de Geraldo Fama, Murica, Antonio Vicente e Chico da Bela Vista. O bloco Trezinho de Otávio Paiva, ao som de tamborins, também fazia a sua festa. O Boêmios do Norte, o mais bloco carnavalesco famoso da cidade, empolgava quando Zé Rosas o fazia desfilar trajado a rigor, com João Engomador à frente portando-lhe o estandarte luxuoso. Outras movimentações cômicas realizadas por Anísio Dantas e Mazinho, Antonio Lucena, Antonio Vieira, Vicente Pessoa, Dudu Emiliano e Zezé, enchiam de vida os carnavais da nossa terra.
Se às tardes do domingo e terça-feira a criançada e adolescentes freqüentavam o salão de bailes do Clube Recreativo Guarabirense, desde o sábado à noite, o sodalício recebia os foliões adultos, devidamente fantasiados, portando lança-perfume, e saquinhos repletos de confetes e serpentinas.
A partir de 1980, as festas de Momo foram diminuindo de intensidade até que se esgotou completamente, prejudicando sensivelmente aos nossos comerciantes que não podiam negociar os seus produtos nesse período, porque grande parte da nossa população citadina se transferia à praia de Baía da Traição, até a quarta-feira de cinzas, pois aqui não tinha festa alguma.
O poder público municipal comprou a briga e resolveu acreditar nas festividades de Momo: conversou com lideranças comunitárias dos nossos bairros, discutiu o assunto e assim foi reativada a cultura carnavalesca guarabirense e até de forma melhor, completamente evoluída. Surgiram os blocos que já chegaram às ruas no ano seguinte como Escolas de Samba com carros alegóricos, comissão de frente, puxador do samba enredo, ala de baianas, porta-bandeira e mestre sala, carros alegóricos, etc. Surgiram as escolas Mocidade Independente do Cordeiro, Unidos de Santa Terezinha, Princesa do Juá e Unidos da Ponte, representando o Rosário. Organizadas nas proximidades do Mercado Velho, desciam pela avenida Dom Pedro II até o centro onde os jurados, devidamente posicionados atribuíam-lhes notas de acordo com os quesitos preenchidos. Era o apogeu do carnaval guarabirense, atraindo municípios e mais municípios para os desfiles gigantescos.
Esse período foi marcante para os que gostavam da festa de Momo até porque o clube social da cidade, há muito estava desativado sem oferecer nenhum tipo de diversão aos seus sócios e visitantes. Cerrara definitivamente as suas portas, declarando-se falido. A reativação do nosso carnaval reaqueceu o comércio uma vez que as praias passaram a receber menos guarabirenses que agora tinham o que ver. Mulheres lindíssimas desfilavam sobre carros alegóricos ou mesmo sambando na avenida, com os seios despidos.
A partir de 1993, o poder público municipal alegou falta de condições para continuar injetando dinheiro nos clubes carnavalescos de Guarabira, ocasionando a falência total desse tipo de diversão. Tentando ocupar o seu lugar, criaram o carnaval fora de época, em 1995, a que se denominou de GUARAFOLIA, realizado entre 24 e 26 de novembro, quando se comemora a emancipação política do nosso município.
Não foi muito convincente e não teve tantos adeptos como o antigo carnaval e terminou em nada. Recolheram-se os foliões e abadás, silenciaram os tambores e guitarras, desapareceram os caminhões-carretas e entristeceram as nossas ruas, até os dias atuais.