Há aproximadamente vinte e cinco anos, os três últimos cinemas de Guarabira, encerraram as suas atividades, deixando uma enorme lacuna a ser preenchida por outra ação cultural que possa trazer novamente o grande público às ruas, para uma diversão salutar e eficiente. Aos sábados e domingos, os cines São José (atual Teatro Municipal, transferido com o nome de Cine Moderno para o centro, onde atualmente funciona a Igreja Universal) e São Luiz (vizinho a Agência dos Correios e em cujo local se ergue prédio residencial e Igreja evangélica), atraíam grande parte da população para assistir à exibição de filmes de boa qualidade como Marcelino, Pão e Vinho, Candelabro Italiano, Dio Come Ti Amo, Os Dez Mandamentos, etc. Aos domingos, pela manhã e tarde, películas de faroeste eram exibidas a um cativo público infanto-juvenil que muito vibrava com a ação dos mocinhos e bandidos.
Com o advento da televisão e as facilidades para aquisição dos aparelhos nas lojas do ramo, os hábitos da população foram mudando e se adequando a essa nova realidade urbana. A família passou a ficar em casa para assistindo as telenovelas bem como outros programas que muito despertavam a atenção dos telespectadores. Essa nova realidade despertou os prefeitos para instalarem televisores em praças públicas dos bairros e da própria zona rural dos seus municípios. Assim, essa foi uma das razões que contribuíram para a extinção dos cinemas.
De 26 a 28 de outubro de 2007, tivemos a oportunidade de exibir películas cinematográficas em pleno centro da cidade, em parceria com o SESI, num telão que muito chamou a atenção do público de 1.200 pessoas/dia. Ali foram exibidos os filmes nacionais Tapete Vermelho, O Dia Em Que Meus Pais Saíram de Férias e Robôs. Ficou evidenciado que o cinema brasileiro produz filmes de ótima qualidade, destruindo a antiga afirmativa de que trabalha apenas filmes pornôs.
Na oportunidade, apresentamos o cinema aos mais jovens do município, que o conheciam apenas através das telinhas de televisores ou porque dele lhe falaram um dia. Semanas depois, muitos deles nos procuraram falando com entusiasmo dos filmes e do próprio cinema, cobrando o retorno para muito breve.
Anterior à exibição dos filmes, foram feitas entrevistas com o cordelista, ceramista e artista plástico Márcio Bizerril e o cantor e compositor Christian Guilherme que muito falaram das suas experiências artísticas e produção cultural em Guarabira e região. Nas palavras emocionadas desses dois artistas, estavam contidos agradecimentos pela oportunidade que tiveram de se apresentarem ao público formado de crianças, adolescentes e adultos, de todas as classes sociais do nosso município e de outros que se fizeram presentes.
Ainda que não possamos reabrir o cinema, seria muito importante se ao menos pudéssemos levá-lo às comunidades dos bairros e povoados, reacendendo na população o amor e interesse pela cultura. Os gastos advindos desse trabalho não seriam elevados para os cofres públicos e trariam um retorno cultural muito grande para o nosso povo.
Enquanto não podemos mudar essa situação, sonhemos com o futuro onde o cinema passe a ser incorporado aos hábitos da nossa população.